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Air France-KLM se aproxima da Gol depois de perder parceria com TAM

Crescimento na América Latina é uma das prioridades da aérea franco-holandesa



José Sergio Osse
, de São Paulo

Dois dias após a TAM anunciar sua entrada na aliança global Star Alliance e o fim da parceria com a Air France-KLM (AF-KLM), a empresa franco-holandesa fechou acordo "interline" com a Gol. Dessa forma, a companhia substitui a antiga parceira pela maior concorrente dela no Brasil e na América do Sul. O acordo passa a valer plenamente dentro de duas semanas.

O acordo "interline" é o primeiro passo em direção a uma parceria operacional de compartilhamento de vôos, chamada no jargão de "code-share". No primeiro caso, embora o passageiro viaje com apenas um bilhete e sem a necessidade de múltiplos embarques (um em cada companhia), as receitas são divididas de acordo com o trecho operado por cada uma das parceiras. Assim, num vôo Belo Horizonte-São Paulo-Paris, a Gol, que faria o trecho BH-São Paulo, fica com a receita desse trecho e o restante vai para a AF-KLM.

O "code-share", por sua vez, pressupõe que toda a receita da viagem vá para a empresa que vendeu a passagem. Assim, a Gol receberia todo o valor do bilhete BH-Paris, como se o vôo fosse totalmente operado por ela, apenas pagando algumas taxas para a parceira. Para o passageiro, há pouca mudança, já que, nesse sistema, também terá apenas um bilhete e um procedimento de embarque.

"Seria para nós como um sonho ter um acordo de code-share com a Gol, mas isso não depende apenas da nossa vontade, mas também de aspectos técnicos", afirmou ao Valor Online o vice-presidente Internacional da AF-KLM e número-dois na estrutura da empresa, Erik Varwijk. "Ainda não estamos certos de quando poderemos chegar a um 'code-share', mas certamente estamos muito interessados nisso, pois traria muitos benefícios para as duas empresas", acrescenta.

Segundo a diretora-geral da AF-KLM no Brasil, Isabelle Birem, atualmente cerca de 30% dos passageiros que hoje são transportados pela companhia vêm de outras cidades que não São Paulo ou Rio de Janeiro, onde têm início seus vôos. Esses 30%, explica, passarão a ser atendidos pela nova parceira.

O interesse em obter um substituto para o papel da TAM rapidamente se explica pela importância da América Latina - que tem o Brasil como maior mercado - no plano estratégico da companhia franco-holandesa.

"Nossa taxa de crescimento na América Latina e no Brasil é muito superior à nossa média mundial, o que faz desses mercados alta prioridade em crescimento para nós", afirma Varwijk. Ao entrar na Star Alliance, que é liderada pela Lufthansa e United Airlines, a TAM teve que suspender o acordo com a Air France, líder da aliança SkyTeam. Mas a empresa brasileira pôde manter um acordo amplo com o grupo Lan, da aliança Oneworld, para a América do Sul.

O executivo acredita que a crise global afetará, mais cedo ou mais tarde, o volume de tráfego no setor aéreo. Para ele, isso vai reverberar ainda por bastante tempo, afetando inclusive o ritmo de negócios no ano que vem. "A qualidade do tráfego já está mudando", afirma ele, que explica que a empresa já começou a rever suas expectativas de expansão. "Mas não acreditamos que teremos uma queda, apenas um ritmo de crescimento menor. O que não quer dizer que não tenhamos que ser cuidadosos."

No tráfego para a América Latina, afirma o vice-presidente para as Américas do grupo, Christian Herzog, não houve ainda nenhuma retração sensível na demanda. "Para os vôos partindo do Brasil, as taxas de ocupação são de cerca de 79% saindo de São Paulo e de 80% saindo do Rio", explica Isabelle.

Com relação ao dólar mais alto no Brasil, Varwijk afirma que ainda é preciso esperar para avaliar os efeitos sobre a operação da empresa. Ele lembra, porém, que a variação cambial "sempre tem dois lados" e que uma queda na demanda no Brasil causada pela desvalorização do real pode levar a um aumento no volume de passageiros europeus, aproveitando os preços mais baixos em dólar no país.

"É preciso lembrar que, no ano passado, o câmbio estava em um patamar semelhante ao que temos hoje e tínhamos bons resultados. De lá para cá fomos muito beneficiados pelo câmbio", afirma o vice-presidente. "Além disso, nos últimos dez anos, a variação cambial no Brasil foi significativa, o que não nos impediu de crescer."

A empresa, afirma Varwijk, tem grandes planos de crescimento na região, embora reconheça que não haverá nenhum vôo novo em 2009. Mesmo a crise não deve impedir essa expansão. "Temos fundamentos econômicos muito sólidos, que nos permitem enfrentar bem os desafios", diz.

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