Empresários se entusiasmam com a privatização




Alberto Komatsu e Jacqueline Farid
, RIO

Pouco depois de o governo anunciar o plano de privatizar os aeroportos do Galeão (Rio) e de Viracopos (Campinas, SP), por volta das 18 horas de ontem, o Galeão estava às escuras. A consultora de marketing Ingrid Lins e Silva tentava embarcar e foi surpreendida. “É a primeira vez que vejo o Galeão sem luz, mas tem que levar no bom humor. Acho que o Galeão precisa de mais tráfego e uma política de melhorias, mas sou contra a privatização”, afirmou Ingrid, que estava na fila do check-in para Nova York, onde faria um ciclo de palestras.

O ponto de partida para a definição do próximo modelo de gestão dos aeroportos administrados pela infraero já havia sido dado no início desta semana. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Defesa assinaram convênio para permitir que o banco contrate uma consultoria para a reestruturação do setor aéreo. Um dos principais pontos do projeto será o novo papel da infraero.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ), Alfredo Lopes, comemorou a possibilidade. “Somos completamente a favor da privatização do Galeão. É o que a gente precisa e merece. O grande problema lá são os custos de manutenção elevados. Faltam banheiros, por exemplo. Se uma companhia aérea chega do exterior de madrugada, só tem dois agentes da Polícia Federal”, comenta.

A transferência do Galeão e de Viracopos para a iniciativa privada é “uma excelente notícia” para os exportadores, avalia o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A expectativa é de ampliação das alternativas de envio das cargas externas e redução de custos. Segundo o executivo, o Galeão hoje é subutilizado, com transporte exclusivo de passageiros, e a privatização poderá transformá-lo também em modal de transporte de cargas. Castro afirma que o aeroporto dispõe de toda a infra-estrutura para carga que, no entanto, ainda não é utilizada.

No caso de Viracopos, um aeroporto tipicamente de carga, Castro avalia que a concessão, “em princípio, implica redução de custos”. Ele explica que segmentos como calçados, alimentos e pedras preciosas, que têm preço superior ao volume exportado, podem ser os mais beneficiados.

Segundo o presidente da AEB, uma administração privada é considerada positiva porque estatais, em geral, não têm prioridade de lucro e uma empresa privada “vai procurar oferecer um preço competitivo para gerar outros modais de transportes”.

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