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Neeleman quer ensinar o brasileiro a voar

"Tudo vai depender do comportamento do mercado e das rotas que serão liberadas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil)", afirmou o diretor de Marketing da Azul, Gianfranco Beting.

Ariverson Feltrin e Ana Paula Machado

Com novo conceito em aviação comercial no Brasil, a Azul Linhas Aéreas, a mais nova companhia do lendário David Neeleman, inicia no próximo ano suas operações por cidades do Sul e Sudeste. O mercado do Nordeste é o segundo alvo da nova empresa, que prevê operar rotas para a região na segunda etapa do plano de operação. "Tudo vai depender do comportamento do mercado e das rotas que serão liberadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)", afirmou o diretor de Marketing da Azul, Gianfranco Beting. "Mas neste primeiro momento nosso foco é Sul e Sudeste."

A empresa que nasceu com um capital de US$ 150 milhões, já negocia com a Embraer a antecipação das entregas dos jatos 195 para decolar a operação no Brasil. A Azul fez um pedido de 76 aviões, sendo que os três primeiros serão entregues no final deste ano. A previsão é que por ano a companhia receba 12 aeronaves.

"Nosso desafio é fazer com que grande parte da população brasileira use o avião como meio de transporte. Temos que ensiná-los a voar, pois quando experimentam nunca mais voltam para o ônibus", disse Neeleman à Gazeta Mercantil. Dos brasileiros, calcula-se, mais de 90% nunca voou. Ao contrário dos Estados Unidos, onde 90% das pessoas usam o avião como meio de transporte.

"No ano passado foram transportados no Brasil 48 milhões, enquanto que nos Estados Unidos as companhias aéreas transportaram 800 milhões. Então é um mercado que tem muito para crescer. E é nisso que estamos focados", disse Neeleman.

Neeleman, que é paulistano de nascimento - ele nasceu no hospital Samaritano, no centro da capital paulista no dia 16 de outubro de 1960 -, conhece como poucos o interior do Brasil. Ele contou que, em 1980, visitou como missionário cidades do interior nordestino. "Fui de ônibus de Linhares, no Espírito Santo ao Nordeste. Conheço bem a rota. Na época gostei porque fui de ônibus leito, mas demora muito", lembrou o executivo.

E é esse o público também que a Azul vai em busca. A empresa estabeleceu duas estratégias de trabalho: uma para atrair as pessoas que viajam de ônibus e a outra os passageiros que não têm tempo para ficar horas em trânsito. "Queremos estimular o mercado pelo preço, ou seja, atraindo aquele passageiro que irá fazer uma viagem longa de ônibus, e pela conveniência, trazendo aquela pessoa que precisa voar, mas sem escalas", explicou o diretor de marketing da Azul. "O mercado esperava por isso.

Esperava por uma solução para o transporte aéreo. Não entramos nesse negócio para perder". No pior cenário desenhado pela empresa, nos próximos cinco anos o mercado brasileiro deverá chegar a 100 milhões de passageiros transportados. "Esse mercado não cresceu como devia porque não tem vôos sem escalas e as passagens ainda são caras", acrescentou Neeleman.

Entretanto, ele ressalta que as concorrentes não ficarão imóveis esperando a entrada da Azul no mercado brasileiro. "Seremos mais eficientes que as companhias que atuam no País, oferecendo serviços inovadores, como a TV ao vivo a bordo. Além é claro de qualidade no atendimento. O passageiro tem que ser bem tratado, só assim ele volta. Não é somente um discurso, estamos trabalhando para isso", disse o empresário. "Aviação é um negócio que dá baixas margens é preciso ter querosene na veia, para sobreviver".

Uma das estratégias para atender melhor o passageiro, segundo Beting, é a criação de uma cultura na empresa voltada para "o servir". "Teremos qualidade, não deixando o passageiro esperar horas em call center, ou em grandes filas nos aeroportos. Para isso serviços essenciais, como o call center, serão operados por nós. Não vamos terceirizar. Vamos tratar o passageiro pelo nome dentro das aeronaves, ele não será mais um número. O brasileiro está acostumado com um serviço de qualidade.

Durante muito tempo tivemos excelentes companhias, como Varig e Transbrasil. Elas tinham o passageiro como o seu bem mais precioso", disse Beting. "Ou somos melhores ou não há razão para entrar num mercado tão concentrado como o brasileiro", acrescentou o diretor de marketing, que iniciou sua carreira com o comandante Omar Fontana, fundador da Transbrasil.

Ele acrescentou que um dos pré-requisitos para contratação dos funcionários da Azul é o espírito missionário, aquela pessoa que naturalmente tem prazer em servir. "É assim que vamos ganhar mercado". Segundo Beting, já foram contratados 150 empregados e até o final do ano o quadro de funcionários da empresa será composto por 500 pessoas. "E o nosso comandante maior, o David Neeleman estará sempre nos aeroportos para servir nossos passageiros", afirmou Beting. Ao final de cinco anos, a Azul terá entre 6 mil ou 7 mil funcionários.

Outro diferencial é o uso de aviões econômicos. A empresa é a primeira a operar aviões da Embraer, que é até 30% mais leve que os modelos dada Airbus e Boeing usados pela TAM e pela Gol.

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