A Trip Linhas Aéreas confirmou ontem a compra de aviões da Embraer, num movimento que deverá permitir à companhia de vôos regionais alcançar novos mercados. São cinco pedidos firmes do modelo EMB 175, no valor de US$ 167,5 milhões segundo o preço de tabela, conforme o Valor antecipou. A Trip tem ainda dez opções e outros 25 direitos de compra (sem data de vencimento), que se exercidos elevam o montante do negócio a pouco mais de US$ 1 bilhão.
Os cinco aviões confirmados devem ser entregues ao longo de 2009. Configurados com 86 assentos, eles serão usados pela Trip nas rotas mais longas, onde o uso de jatos faz mais sentido porque proporciona tempo menor de viagem. Hoje, a empresa só opera aviões turboélice da fabricante franco-italiana ATR. O foco da companhia são as cidades de médio e baixo tráfego, que muitas vezes não contam com nenhum tipo de serviço aéreo regular.
José Mário Caprioli, presidente da Trip, citou a rota Londrina-Manaus, de forma hipotética, para exemplificar o tipo de mercado que a empresa poderá explorar. Os turboélices serão usados nas rotas mais curtas. "Em uso de combustível, o turboélice é mais eficiente. Mas a partir de uma certa distância, o jato traz vantagens, compensando o gasto com combustível em outros itens", disse Caprioli.
Embora não concorra diretamente com a TAM e a Gol, hoje dominantes no setor com a operação de aviões com mais de 140 assentos, a Trip pode vir a enfrentar a Azul, do empresário David Neeleman, que começa a voar em 2009 com aviões da Embraer com 118 assentos, em rotas de média densidade.
A Trip planeja exercer todas ou boa parte das opções de compra em 2009 e os direitos de compra em 2010. Até 2011, a empresa quer ter 41 aeronaves, sendo que 16 delas serão EMB 175. Se o plano for cumprido, a Trip conseguirá multiplicar seu tamanho por cinco em cinco anos. Em 2006, a companhia operava oito aeronaves. Até o fim deste ano, deverá ter 20.
Operando em 60 cidades e com meta de elevar esse número para 100 até 2010, a Trip tem como estratégia firmar alianças com companhias aéreas que operam em rotas de maior fluxo, num sistema em que a empresa regional alimenta os vôos das linhas chamadas de "troncais". Por enquanto, existe acordo firmado com a TAM.
"A aviação regional tem um enorme espaço para se desenvolver no Brasil", afirmou Caprioli.
Segundo ele, em países como os EUA o segmento responde por 25% da capacidade da indústria aérea. No Brasil, a fatia é de 2%. A Trip tinha 0,95% de participação em oferta doméstica no mês de maio.