Fabricante dos EUA avalia que combustível pode responder por 10% do consumo em até sete anos; Brasil terá papel de destaque



JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A SEATTLE

Os biocombustíveis têm potencial para deter 10% do consumo na aviação no horizonte de 5 a 7 anos. Essa é a avaliação do diretor de Estratégia Ambiental da Boeing, Per Norén.

Segundo ele, a indústria ainda não vislumbra a substituição total do querosene de aviação, derivado de petróleo que acompanha de perto a flutuação na cotação do barril. "Não estamos convencidos de que essa substituição possa ocorrer", disse.

Apesar disso, a escalada do preço do petróleo acelerou o interesse de fabricantes de aeronaves e companhias aéreas pelas pesquisas com biocombustíveis. Em fevereiro deste ano, a Virgin Atlantic fez um vôo de demonstração com uso de babaçu e de óleo de coco em 10% de uma das turbinas.

Atualmente, a Boeing conduz uma série de pesquisas com outras fontes de energia, como algas e plantas produzidas em diversos países. Segundo Norén, desenvolver um novo mercado mundial, no entanto, requer esforços de certificação de produtos para que eles ganhem confiabilidade.

"Estamos fazendo testes com diferentes companhias e produtos ao redor do mundo. Há uma necessidade de cooperação entre países e esforços para melhoria de infra-estrutura. A distribuição do produto é, de fato, o aspecto crítico", disse.

Recursos naturais

Segundo o executivo, o Brasil poderá representar um papel de destaque nesse novo segmento, por contar com grande variedade de recursos naturais.

Norén diz que a Boeing tem interesse em pesquisar os mais diversos tipos de produtos, desde que eles não afetem a oferta de alimentos nem estejam relacionados a desmatamento ou consumo excessivo de água.

Dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) indicam que o setor de aviação contribui com 2% das emissões de gás carbônico. O percentual é pequeno quando comparado a setores como transporte rodoviário e geração de energia e aquecimento, mas o crescimento da indústria tende a impulsionar o número de emissões. Normalmente, o setor de aviação cresce em média duas vezes mais do que o PIB.

Companhias e fabricantes de aviões se comprometeram com a Atag (Air Transport Action Group) a focar em melhorias da ordem de 25% na eficiência do consumo de combustível e na redução das emissões até 2020.

A Boeing trabalha com a estimativa de crescimento da economia mundial de 3,1% ao ano até 2026. O número de passageiros deve aumentar a um ritmo de 4,5% ao ano no período. Atualmente, o querosene representa cerca de 40% dos custos de uma companhia aérea.

Os esforços na busca de eficiência e cortes de custos são visíveis nas companhias de aviação, que sofreram ainda os efeitos da crise americana. As principais companhias cobram US$ 25 para despachar a segunda mala. E até o mais simples serviço de bordo pode se transformar em fonte de receita, com cobrança à parte.

A repórter JANAINA LAGE viajou a convite da TAM e da Boeing

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