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Pane em rotor pode ter causado tragédia

Helicóptero com funcionários da Petrobras rodou sobre seu eixo e caiu um minuto após decolagem da plataforma P18



Francisco Edson Alves e Diogo Dantas

Rio - Pane no rotor do helicóptero Super Puma prefixo PP-MUM, da empresa Brazilian Helicopter Service (BHS), pode ter sido a causa de sua queda, que matou pelo menos três pessoas na Bacia de Campos, Norte Fluminense, terça-feira. Ainda há dois desaparecidos.

Um minuto após partir da plataforma P18 rumo a Macaé, a aeronave começou a soltar fumaça na cauda e a girar em torno de seu próprio eixo, segundo relato de funcionário que viu o acidente. A queda foi a 280 m dali. Já foram reconhecidos os corpos de Marcelo Manhães dos Santos, 27, técnico de segurança da Sparrows BSM Engenharia, e de Durval Barros da Silva, da De Nadai Serviços de Alimentação. A Petrobras crê em falha mecânica. A BHS espera laudo para definir o motivo da tragédia.

“Logo após decolar, o helicóptero começou a dar piruetas, caiu na água e se destroçou. Ficamos abraçados, boiando entre ondas imensas, vendo a aeronave afundar”, descreveu Valéria Cristina Taveiros, funcionária da Elfe Solução em Serviços. Ela está internada no Hospital da Unimed, em Macaé.

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Marcos Breda, disse que a entidade recebeu denúncias de que o helicóptero teria sofrido pane há 15 dias e na terça-feira, antes de pousar na P18, teve “trepidação fora do normal”. A Petrobras nega. A Anac afirmou que as inspeções no Super Puma estavam em dia.

Logo que a aeronave decolou, técnicos de segurança do heliponto notaram que o aparelho ficou suspenso a pouco mais de seis metros do solo. O normal é manter-se a oito metros, pelo menos. Logo ao sair, começou a rodar, e se partiu em pelo menos dois pedaços.

Diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella afirma que houve pouso forçado. E a empresa sustenta que as bóias se inflaram, o que permitiu que 15 pessoas escapassem. A aeronave teria afundado uma hora e meia após cair. “O piloto, que está sumido, tinha 30 anos de experiência. E o co-piloto, que se salvou, tinha 15 anos de experiência, oito só na Bacia de Campos.

Eram duas pessoas muito qualificadas”, afirmou Estrella.

A Petrobras encontrou a aeronave com a ajuda de três robôs, a cerca de 800 metros no fundo do mar, de cabeça para baixo. Ainda há dois desaparecidos e um corpo não identificado: os três são o piloto Paulo Roberto Veloso Calmon, Guaraci Novaes Soares e Adinoelson Simas Gomes.

Além de Valéria, sobreviveram Sérgio Ricardo Muller, Daniele Madureira Neto, Sandro Venâncio, Adriano de Souza Rodrigues, Alessandro Moraes Tavares, José Carlos Bezerra, Jefferson Lemos Macedo, Marcos Antonio Rodrigues, Jailson Moraes Bastos, Julio Ribeiro da Silva, Alessandro Gomes das Chagas, Sérgio Borges Cordeiro, Wilson Ferreira da Silva e Marcelo Pereira Maceira.

EXCESSO DE VIAGENS PREOCUPA

Segundo o Sindispetro-NF, o grande número de pousos e decolagens dos 55 helicópteros de diversas empresas que prestam serviços para a Petrobras, pode estar comprometendo a manutenção dos aparelhos, o que foi negado pela BHS e pela Petrobras. Cada aeronave faz, em média, cinco viagens de ida e volta por dia, segundo o sindicato. A estatal suspendeu vôos com dois helicópteros do mesmo modelo depois da tragédia.

“O helicóptero tinha saído de manutenção e as condições do tempo eram favoráveis”, garantiu Estrella, negando informação de que a empresa cortara a comunicação da P18 após as mortes.

Essa não foi a primeira aeronave da BHS que caiu a serviço da Petrobras. Em 5 de julho de 2003, queda matou 5 em Macaé. Na época, houve choque com mastro de embarcação. Outros 3 acidentes aéreos aconteceram nos últimos cinco anos na região, com 7 mortos.

Kleber Felício era um dos passageiros programados para o vôo trágico. Sua viagem foi transferida na última hora. Um colega seu de trabalho vai pedir demissão: “Não quero mais essa vida”.

MARCELO ERA SOLTEIRO E DURVAL DEIXOU MULHER E DOIS FILHOS

O corpo do técnico de segurança do trabalho Marcelo Manhães, funcionário da Sparrows BSM Engenharia, terceirizada da Petrobras, foi enterrado ontem em Rio das Ostras.

“Infelizmente ele não estava entre os sobreviventes”, desabafou seu pai, João Pedro dos Santos, 72. Em sua página no Orkut, amigos e parentes deixaram mensagem de adeus.

“Sei que não posso falar contigo, grande amigo, mas você está no meu coração. Obrigado por me ensinar muitas coisas. Que Deus cuide da sua família”, escreveu Matheus Muros.

Marcelo apresenta-se como esportista e apaixonado pelo Flamengo. Solteiro, descreve-se como adorador de praia, hip hop, funk e pagode. Um “eclético”, resume. A página de sua irmã, Marta Venâncio, também recebeu recados de apoio.

Durval Barros da Silva, que morava no Rio, era casado com Vanda da Silva e pai de dois rapazes. “Era uma pessoa calma, querida por todos e muito trabalhadora”, lamentou um parente.

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