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Gol segue tendência e decide adquirir ações no mercado


Graziella Valenti e Roberta Campassi

A Gol Linhas Aéreas seguiu a tendência das empresas que, com folga de caixa, resolveram socorrer suas ações em meio à crise global. Ontem, a empresa aérea anunciou um programa de recompra da ordem de R$ 170 milhões. Apesar da medida ser positiva para os acionistas, não ajudou a esclarecer as dúvidas que pairam sobre o futuro da Gol como companhia aberta na Bovespa, desde que os controladores admitiram ter estudado o fechamento de capital.

A companhia informou que pode recomprar até 8,8% das ações preferenciais em circulação, num prazo de 12 meses. Nesse programa, os papéis ficam na tesouraria da empresa e podem ser cancelados ou revendidos em até 90 dias.

Em momentos de turbulências nos mercados, a recompra é uma forma de a empresa sinalizar aos investidores que os ativos estão excessivamente baratos. Só neste mês, as preferenciais da Gol acumulam perda de 18,30%.

O momento de baixa nas cotações é propício para esses programas. Conforme reportagem publicada ontem pelo Valor, Gerdau, Tegma Gestão Logística, Drogasil, Localiza Rent a Car, ABNote, Coteminas, Banco Pine e Bradespar anunciaram programas de recompra após o acirramento da crise dos mercados globais, totalizando R$ 407 milhões.

Embora os investidores recebam positivamente tais aquisições, não há pressão para que as companhias adotem a recompra. A empresa é quem deve julgar o melhor uso para seu caixa.

Especialmente no caso das companhias que abriram capital recentemente, não há cobrança pela adoção desses programas. As novatas já teriam outros planos traçados para o dinheiro obtido com as ofertas de ações.

"Toda generalização é perigosa", alerta Eduardo Roche, analista do Banco Modal. Ele lembra ainda que muitas dessas novatas lançaram ações no auge da liquidez internacional, em 2007, quando os preços dos ativos estavam elevados. Portanto, nem todas as baixas ocorridas agora foram excessivas.

Algumas, podem, ao contrário, ter corrigido o exagero de preço alto.

Das 65 companhias que se listaram na bolsa em 2007, quase 30 acumulam perdas de 20% a 35%. Só 22 tiveram comportamento superior ao Ibovespa neste ano e, dessas, apenas seis mostraram alta.

No caso da Gol, a recompra foi bem recebida mas não ajudou a esclarecer qual o futuro da empresa na Bovespa. Desde setembro, quando os controladores assumiram publicamente ter estudado o fechamento de capital da aérea, pairam dúvidas quanto a sua manutenção como companhia aberta. A iniciativa de manter os preços das ações em alta são aparentemente conflitantes com um eventual projeto de oferta pública para retirada dos papéis da Bovespa.

Para o analista Eduardo Puzziello, da Fator Corretora, o programa aprovado pela Gol, assim como nas demais empresas, é positivo principalmente por ser um instrumento para evitar quedas muito acentuadas no preço das ações. A companhia pode administrar a compra dos papéis conforme o comportamento do mercado.

Além da recompra, a Gol informou que pagará dividendos trimestrais de R$ 0,18 por ação neste ano.

O valor representa queda substancial ante os R$ 0,35 distribuídos trimestralmente ao longo de 2007. Pelo planejado, a empresa desembolsará R$ 36,4 milhões a cada três meses. Desse total, R$ 25,8 milhões ficarão com o Fundo Asas, dos controladores.

Na visão de especialistas, o programa de recompra e os dividendos trimestrais seriam conflitantes com uma intenção de fechamento de capital no futuro. Entretanto, para o analista da Fator Corretora, os anúncios da Gol não são indicativas de definição sobre sair ou não da bolsa. Por um lado, segundo ele, se as ações recompradas forem

canceladas, restarão menos papéis para serem adquiridos numa eventual oferta pública. Por outro, a aquisição pode sustentar o preço mais alto na bolsa, o que não é interessante se há intenção de fechamento de capital. Ontem, as ações preferenciais da empresa tiveram valorização de 7,16%, segunda maior da Bovespa. TAM seguiu o movimento e subiu 4,8%.

Para os donos da Gol, esta poderia ser uma hora propícia para cancelar o registro de empresa aberta, se esse fosse o plano. Quando admitiram tal possibilidade, em setembro, a iniciativa lhes custaria R$ 3 bilhões. Pelo encerramento do pregão de segunda-feira, o eventual fechamento de capital sairia R$ 1,1 bilhão mais barato, por conta das fortes quedas ocorridas no mercado global de ações.

O Fundo Asas, controlador da empresa, vem ampliando sua fatia em ações preferenciais desde o final do ano passado, o que aumenta a dúvida dos investidores sobre a real intenção de fechar ou não o capital da companhia. O primeiro movimento do fundo ocorreu em novembro, quando elevou sua participação de 34,9% para 35,9%. Em dezembro, as aquisições foram ainda mais agressivas: o percentual detido agora é de 37,8%.

Nos Estados Unidos, movimentações de controladores e administradores, os "insiders", são comunicadas ao mercado quase imediatamente. No Brasil, essas alterações só podem ser acompanhadas por meio de um formulário encaminhado mensalmente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Ontem, o comunicado da recompra de ações e dos dividendos trazia a seguinte mensagem do presidente e controlador, Constantino de Oliveira Júnior: "Esse programa de recompra é mais uma evidência da visão estratégica da Gol voltada à criação de valor para todos os seus acionistas e de seu compromisso com o mercado de capitais local e internacional." No começo deste mês, após consulta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Fundo Asas disse que, neste momento, não há plano de fechar capital, mas não deixou claro se tal possibilidade está definitivamente descartada.

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