Medidas do governo vão reduzir horas voadas e isso vai afetar custo e geração de oferta.

Paula Machado – Gazeta Mercantil

A TAM Linhas Aéreas já estuda a revisão do plano de frota. O vice-presidente de finanças e gestão e diretor de relações com investidores, Líbano Barroso, disse a analistas de mercado que, em função das medidas anunciadas pelo governo federal para solução da crise aérea, a companhia espera redução da demanda neste ano. Pela proposta do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), o Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do País, com 48 pousos e decolagens por hora, não será mais ponto de distribuição de passageiros. Pelos cálculos da TAM, o terminal terá até 33 operações por hora e receberá somente vôos de até duas horas. "Precisamos esperar pelo detalhamento das medidas anunciadas para o setor, como a proibição no prazo de 60 dias da utilização de Congonhas como ponto de distribuição. Mas, com toda certeza isso terá impacto sobre a demanda e teremos que reavaliar o plano de frota", disse.

Cerca de 45% dos slots (espaços de embarque e desembarque) no aeroporto são concessões da TAM. "Com as medidas haverá redução de horas voadas e isso vai impactar custo e geração de oferta. Teremos que nos adequar a isso", ressaltou. O plano de frota da companhia prevê 138 aeronaves até 2010. Em junho adicionou mais 22 aeronaves A350 com entregas entre 2013 a 2018. Hoje, opera 106 aviões.

A Gol, em junho, revisou seu plano de frota e em vez de 152 aviões, ela pretende ter 143 até 2012. A decisão também inclui a Varig, adquirida pela empresa este ano. A mudança de rumo da Gol é resultado da falta de infra-estrutura aérea que não tem permitido que a demanda de passageiros cresça como se previa há um ano.

Ontem a Gol enviou nota aos clientes pedindo que cancelem seus vôos até segunda-feira porque não terá condições de atender o grande número de passageiros que tiveram seus vôos cancelados ou transferidos para outros aeroportos. "Nesse período, a companhia espera que seja restabelecido o fluxo normal do tráfego aéreo. A Gol manterá seus serviços para atender os clientes que necessitem viajar imediatamente e para levar a seus destinos aqueles que ficaram retidos nos últimos dias", diz a nota.

"Não há palavras para expressar a frustração da Gol por não conseguir manter a programação de vôos e o bom atendimento, embora os motivos da atual situação estejam além de sua responsabilidade. A crise que envolve a indústria da aviação no Brasil tem gerado atrasos e transtornos inaceitáveis", completa o comunicado.

Segundo a nota, a partir de segunda-feira a Gol terá uma nova malha de vôos. Essa reorganização implica transferência de parte dos vôos que tradicionalmente operam em Congonhas para o aeroporto de Guarulhos. "Devido à redução do volume de pousos e decolagens do aeroporto de Congonhas determinada pelas autoridades".

Para a analista de aviação da Brascan Corretora, Mel Fernandes, dificilmente o crescimento do setor alcançará 16% como previam as companhias no início do ano. "Com todo caos aéreo instaurado no País, ocorreu uma queda na demanda: 2007 está comprometido", disse. Para a Gol, segundo a analista, o impacto poderá ser sentido já nos resultados do segundo trimestre. A queda na taxa de ocupação nas aeronaves da empresa poderá influenciar os resultados no segundo trimestre. No período ocorreu um declínio de 8,7 pontos percentuais em relação a junho de 2006, que foi de 72%. "Isso poderá acarretar numa perda de 25% na receita operacional no trimestre". Desde 17 de julho as ações preferenciais da TAM e Gol apresentaram queda de 20% e 13%, respectivamente.

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