Carlos Sardenberg
Todos os órgãos responsáveis pelo setor aéreo – Aeronáutica, Anac, Infraero – sustentavam que as operações em Congonhas eram seguras e seguiam os padrões internacionais ótimos e atualizados.
Agora, dizem que a diminuição do número de vôos em Congonhas vai garantir mais segurança. Ou seja, antes não era.
A Infraero informa que já iniciou as obras para introduzir as ranhuras (o famoso grooving) na pista principal de Congonhas. Diz que o serviço será executado em 20 dias, por uma força tarefa que vai trabalhar à noite para não atrapalhar o funcionamento da pista auxiliar durante o dia. Antes, a mesma Infraero dizia que as ranhuras nem eram tão necessárias e que as obras demorariam o dobro do tempo e que poderiam interromper o tráfego.
A Aeronáutica informa agora que nenhum aeroporto brasileiro tem o ILS3 – sistema de aproximação das aeronaves por instrumentos, que permite pousos com visibilidade quase nula, durante nevoeiros e chuvas fortes. Congonhas usa o ILS1, primeira versão desse aparelho. Guarulhos, mais avançado, tem o ILS2.
Ou seja, o sistema de segurança não está atualizado (nós, os leigos, ficávamos mesmo intrigados: como é que não se podia pousar com chuva se nos EUA e Europa se pousa com neve? A resposta está aí: ILS3 e pistas melhores).
Assim, quando as autoridades informam que os atrasos do dia se devem à chuva e ao nevoeiro, é falso. Devem-se à falta de instrumentos.
Em tempo: cada um desses ILS3 custa cerca de R$ 4 milhões. Para equipar com isso os dez principais aeroportos se gastaria uma mixaria, se comparada a quantia com o que se gastou com as reformas externas de Congonhas e Santos Dumont.
Tudo indica que a administração de todas as áreas – tráfego, aeroportos e segurança – falhou. Por que o pessoal não se demite?