Pular para o conteúdo principal

Valor de seguros para aviões brasileiros devem ter alta

Altamiro Silva Júnior – Valor Online

O acidente com o avião da TAM anteontem - menos de dez meses após a queda da aeronave da Gol, em setembro - aliada à falta de infra-estrutura nos aeroportos e aos problemas provocados pelos controladores de vôo vai aumentar os preços dos seguros para aviões brasileiros e dificultar a colocação das apólices no exterior. "O caos aéreo no Brasil ficou nítido agora lá fora para as resseguradoras internacionais", avalia Gustavo Mello, sócio da Correcta, corretora especializa em seguros aeronáuticos.

São essas resseguradoras, principalmente do mercado de Londres, que ficaram com mais de 90% do risco do seguro do Airbus A320 da TAM. No Brasil, a seguradora da companhia aérea é a Unibanco AIG, que ficou com pouco mais de 1% do risco total. A Marsh foi a corretora que intermediou a colocação da apólice.

No mercado, fala-se que o valor total da apólice bateria nos US$ 400 milhões, incluindo a cobertura do casco do avião (avaliado em mais de US$ 150 milhões) e a apólice de responsabilidade civil (RC). Esta última é a de maior valor e cobre os danos que a aeronave possa causar a terceiros, incluindo os passageiros e, no caso do acidente de anteontem, pessoas que estavam na rua, no prédio e no posto de gasolina.

No mercado, estima-se que as indenizações cobertas pela apólice de RC cheguem a quase R$ 1 milhão por pessoa, considerando um cálculo padrão nas seguradoras, que leva em conta a idade média da vítima, estimativa de vida e renda. Considerando uma idade de 35 anos e uma renda mensal de R$ 4 mil, o total a ser pago chegaria a mais de R$ 180 milhões, segundo estas estimativas preliminares.

O advogado João Tancredo, que tem várias causas do acidente da Gol, diz que até agora nenhuma indenização foi paga, mas algumas famílias vêm recebendo uma pensão mensal. As seguradoras são obrigadas a constituir uma provisão no momento do acidente para arcar com as despesas. No acidente do Fokker 100 da TAM, há mais de 10 anos, 10% das indenizações ainda não saíram, mas o motivo seria que estas famílias entraram na Justiça americana. Em entrevista coletiva ontem à tarde, o presidente da TAM, Marco Antônio Bologna, disse que as indenizações às famílias estão garantidas.

Os sinistros pagos no mercado aeronáutico dispararam no ano passado, influenciado pelo acidente da Gol, e ligaram o sinal vermelho nas resseguradoras. O total chegou a R$ 368 milhões, o triplo do registrado em 2005. Mas as seguradoras brasileiras - incluindo o IRB Brasil RE, único ressegurador autorizado a operar aqui - pagaram só R$ 20,8 milhões deste total. Todo o restante foi desembolsado por resseguradoras internacionais. No caso da Gol, o consórcio era liderado pela Allianz.

Já os prêmios que as companhias ganharam caíram. Somaram R$ 203 milhões em 2006, dos quais R$ 165 milhões foram para o exterior. Em 2005, foram R$ 352 milhões, dos quais R$ 300 milhões colocados lá fora.

A Unibanco AIG também foi a responsável pelo seguro do Fokker 100 da TAM, que caiu em 1996. Em uma maré de azar, a seguradora tinha a apólice da obra do metrô de São Paulo, que afundou após um grande acidente em janeiro, e a de um forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que explodiu no fim de 2005, com prejuízos estimados em US$ 500 milhões.

No caso da TAM, por causa da ampla apólice do seguro e da posição da companhia no mercado, os ratings de crédito da empresa não foram alterados. "Não há impacto financeiro. Consideramos o seguro como boa proteção", afirma Reginaldo Takara, analista da Standard and Poor's (S&P).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul