Luiz Orlando Carneiro – Brasil Digital

Brasília: A Infraero prestará, até quinta-feira, as informações requeridas pelo juiz federal Clécio Braschi, da 8ª Vara Federal de São Paulo, que vai decidir sobre o pedido de liminar na ação civil proposta pelo Ministério Público Federal, que exige o fechamento imediato do Aeroporto de Congonhas, pelo menos até serem afastadas as dúvidas sobre a segurança de suas pistas.

Na defesa do ponto de vista de que a nova pista é segura, a direção da empresa pública dá destaque a parecer técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. De acordo com o documento de quatro páginas, nos dois monitoramentos realizados pela Infraero na nova pista do aeroporto, nos dias 6 e 13 últimos (antes, portanto, da tragédia com o avião da TAM), "os valores encontrados mostram-se acima dos valores recomendados do ponto de vista do atrito em pista molhada, tendo em vista os limites recomendados internacionalmente (ICAO) e nacionalmente (DAC)".

Ainda conforme o o parecer, "esses patamares de valores de atrito foram alcançados sem a execução de grooving". Ou seja, a nova pista - na qual ocorreu o desastre - ofereceria condições de segurança, mesmo molhada e sem os pequenos sulcos destinados a aumentar o atrito da pista.

O IPT, órgão do governo do Estado de São Paulo, considerado pela Infraero "uma das mais renomadas instituições científicas do país", explica que a International Civil Aviation Organization (ICAO ) recomenda "valores mínimos de coeficiente de atrito de 0,42 para pistas em serviço, sendo que, abaixo desse valor, deve-se informar a possibilidade de pista escorregadia quando molhada". Se o atrito tiver valores iguais ou inferiores a 0,52, "requerem-se atividades de planejamento e manutenção da pista, porém não sua interdição".

Está ainda no parecer técnico do IPT: "Os ensaios realizados pela Infraero na pista principal com o 'mu-meter' (equipamento específico para esse tipo de medição) indicam, em 6 de julho, coeficiente de atrito de 0,65% na média, na longitudinal distante de 3 metros à direita do eixo central, e de 0,70 na média, na longitudinal distante de 3 metros à esquerda do eixo central. Em 13 de julho, o coeficiente de atrito medido foi de 0,68 (nos mesmos locais). Esses locais de ensaio são selecionados normalmente para a realização do teste por serem áreas de maior probabilidade de toque dos pneus da aeronave nos pousos".

- Pela análise realizada, no que tange às condições de superfície do revestimento asfáltico, os valores medidos de atrito pela Infraero na pista principal, por meio do equipamento "mu-meter", na situação atual, revelam-se acima dos limites mínimos especificados - conclui o parecer do IPT.

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