Infraero não admite a pressão; companhias usaram as férias de julho como argumento
Estatal minimizou a necessidade do "grooving", e diz que só 5 dos aeroportos administrados por ela dispõem deste sistema
IURI DANTAS – DA SUCURSAL DE BRASÍLIA – FOLHA DE SÃO PAULO
Colaborou LILIAN CHRISTOFOLETTI da Reportagem Local
Pressões das companhias aéreas foram determinantes para a liberação da pista principal do aeroporto de Congonhas antes da conclusão da reforma e da realização do "grooving" – processo de cavar sulcos no asfalto para acelerar o escoamento da chuva. Oficialmente, a Infraero (estatal que administra os aeroportos) e a Anac negam que tenha havido quaisquer pressões. Segundo apurou a Folha, o lobby empresarial visava não só manter a inauguração em 29 de junho, antes do começo das férias, mesmo sem a realização do "grooving", mas também reduzir pousos e decolagens de jatos executivos e táxi aéreo, o que realmente aconteceu.
Dirigentes da Infraero e da Anac já mencionaram a existência de lobby de autoridades que não aceitariam se deslocar até Guarulhos para embarcar. Outra alternativa seria a ampliação da capacidade do aeroporto de Ribeirão Preto. Para resolver o problema, a Anac vem estudando a construção de um terceiro aeroporto
Além da pressão feita para que o timing da obra coincidisse com as férias de julho, houve lobby para que a inauguração da pista não fosse adiada por três dias devido a problemas com pintura de sinalização. A mudança, defendida pela diretoria de engenharia da estatal às vésperas da reinauguração no mês passado, ocorreu depois que dois aviões bateram suas asas por uma confusão na sinalização no solo.
A Infraero minimiza a necessidade do "grooving". Ontem, informou que apenas 5 dos 67 aeroportos administrados pela estatal no país dispõem deste complemento em suas pistas. Os nomes dos aeroportos não foram divulgados.
Segundo a Infraero, outro fator a contribuir para a reinauguração da pista no dia 29 de junho foi um TAC (Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta) firmado com o Ministério Público Federal no dia 13 de abril deste ano. O documento foi assinado pela diretoria da Anac e pelo presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, no dia 13 de abril. A assinatura do TAC suspendeu ação civil pública promovida contra a Infraero e a estatal poderia ser acionada judicialmente em caso de descumprimento dos compromissos.
Tecnicamente, a Infraero justifica também que o "grooving" não poderia ser feito imediatamente após a primeira fase de recuperação da pista principal, mas após um período de
A reforma da pista principal do Aeroporto de Congonhas,