Aproximadamente 2 mil funcionários correm o risco de perder o emprego em mais uma crise financeira envolvendo uma empresa do antigo Grupo Varig. Desta vez é a Sata, companhia responsável pelos serviços de manutenção dos aviões, que padece com a falta de verba para pagar dívidas milionárias. Sem poder quitar as pendências no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que somam R$ 63,966 milhões, a Sata está prestes a perder, de uma só vez, 32 dos 59 contratos que possui para uso de áreas nos aeroportos, assinados com a Empresa de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
O problema está na impossibilidade de a Infraero renovar os contratos uma vez que a Sata é devedora do INSS. Da dívida na previdência, R$ 40 bilhões já estão inscritos na dívida ativa da União.
Até hoje, a Sata mantém suas atividades nos aeroportos graças a liminares judiciais. Porém, a validade das decisões termina no dia 17 de junho. A partir dessa data, ou a empresa quita a dívida ou perderá a concessão.
Mesmo com a iminente quebra da empresa — o único grande ativo da chamada Varig “velha”, que restou depois da recuperação judicial da aérea —, o setor não deve ter grandes problemas. Existem quase 300 empresas habilitadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para fazer os mesmos serviços de manutenção. Além disso, as duas maiores companhias aéreas, TAM e Gol, usam serviços próprios ou de concorrentes da Sata para cuidar de suas aeronaves. A exclusão da companhia de manutenção atingiria, basicamente, empresas associadas à Star Alliance, como a alemã Lufthansa.
Ontem, a Infraero reuniu as companhias para alertar sobre a crise na Sata. Segundo fontes, as aéreas já estariam se preparando para uma possível suspensão das atividades da empresa e as concorrentes têm se apresentado para assumir os serviços contratados. O presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, também procurou o ministro da Defesa, Waldir Pires, para avisar ao governo sobre a nova onda de desemprego que a extinção dos contratos deve gerar no setor aéreo. (MM)