Pular para o conteúdo principal

Ondas ameaçadoras

Correio Braziliense

O tráfego aéreo brasileiro acumula transtornos que preocupam passageiros obrigados a recorrer ao avião para locomover-se. De um lado, há os problemas estruturais, cuja solução demanda planejamento estratégico e tempo para pôr as medidas em prática. De outro, os conjunturais, decorrentes de imprevistos que, embora não ofereçam riscos maiores, causam confusões capazes de tumultuar ainda mais o já tumultuado setor.

É o caso das interferências de rádios comunitárias e piratas no sistema de comunicações. Na terça, Congonhas e Guarulhos precisaram interromper as operações durante seis minutos por causa dos ruídos que impediam o contato entre a torre e as aeronaves. Suspender pousos e decolagens nos dois aeroportos mais movimentados do país produz efeito dominó. Atrasam-se partidas e chegadas não só na capital paulista, mas também na maior parte dos estados brasileiros.

O contratempo não é recente. Mas se agrava dia a dia. Vale a comparação. Em janeiro de 2006, a Aeronáutica registrou 32 interferências nas freqüências utilizadas por Congonhas. Em maio de 2007, o número ultrapassou 170 ocorrências. Conversas, vozes, música, pregações religiosas competem com as instruções técnicas indispensáveis ao controle e segurança dos vôos.

É preocupante. As rádios piratas são ilegais. As comunitárias, com autorização para funcionar, são disciplinadas por lei de 1997. Como o nome diz, elas exercem papel importante no meio em que atuam. Funcionam como auxiliares na prestação de serviços e na formação profissional e cultural da população. Muitas, porém, desvirtuam o papel para o qual foram criadas. Exercem função comercial sem responder às exigências legais referentes à legislação fiscal e à trabalhista. Além disso, ultrapassam o raio de cobertura de 2km e a potência de 25 watts.

Impõem-se providências urgentes para reprimir os abusos. A iniciativa do ministro Hélio Costa de agir diante das infrações é essencial à segurança do tráfego aéreo. Contudo, não será necessário de imediato recorrer à ação do Ministério Público e da Justiça para interromper as emissões sonoras e punir os autores. A Lei da Radiodifusão, aplicável ao sistema comunitário, permite ao Ministério das Comunicações a à Anatel tirar do ar a emissora que viola a lei.

Como é excrescência, portanto não autorizada pela legislação, a rádio pirata não tem alvará de funcionamento. Basta a autoridade suspender-lhe a ação. Ante o avanço das tecnologias de comunicação, as fontes emissoras ilegais podem ser localizadas e eliminadas. É importante não deixar mais um cadáver na rota do já conturbado tráfego aéreo nacional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul