O terminal de Ezeiza sofre uma série de incidentes de segurança depois de reforma promovida por Kirchner

Jorge Marirrodriga - El País
Em Buenos Aires

Com
quatro situações de colisão, três no ar e uma nas pistas do aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, nos últimos três meses, os argentinos vivem suspensos de uma polêmica causada em terra pela avaria de um radar e que provocou uma troca de acusações sobre insegurança aérea na qual intervêm o governo argentino, vários sindicatos e associações internacionais de aviação civil.

Em 1º de março, um raio avariou o radar principal do aeroporto de Ezeiza, e começava uma via crucis de acusações e incidentes que teve seu primeiro episódio apenas 15 dias depois, quando um avião da Aerolíneas Argentinas teve de realizar uma manobra de evasão para evitar o choque com um pequeno avião que vinha de frente. Uma semana depois, outro avião dessa companhia teve de repetir a manobra no céu do Chaco. Em 7 de maio, uma situação semelhante ocorreu em Córdoba entre um avião da americana United Airlines e outro da argentina Andes Líneas Aéreas. Uma conversa entre controladores gravada e vazada para a imprensa indica que as aeronaves passaram a apenas 100 metros uma da outra, na vertical.

O quarto incidente grave ocorreu na pista principal de Ezeiza, o aeroporto mais importante do país, 11 dias depois, quando um avião da companhia LAN Chile teve de cancelar a decolagem depois que seu comandante viu que em seu caminho cruzava um avião da Mexicana de Aviación.

Várias vozes se levantaram dentro e fora da Argentina denunciando a situação. Em uma carta à qual este jornal teve acesso, datada de segunda-feira, o presidente da Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca), Marc Baumgartner, declara ao presidente argentino, Néstor Kirchner, sua preocupação com o que qualifica de "rápida deterioração da situação" e observa as dificuldades do governo para "manter os níveis de segurança necessários nos céus argentinos e áreas adjacentes".

A Ifacta também considera "extremamente desafortunado" que "em vez de agir rápida e decisivamente para restaurar o controle do tráfego aéreo ao nível padrão internacional, as autoridades argentinas tenham recorrido à pouco ética campanha de culpabilização e represália contra os controladores aéreos". Anteriormente, a Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linhas Aéreas emitiu um "boletim de segurança" aconselhando os pilotos a redobrar "a vigilância e o alerta" no espaço aéreo argentino.

O governo argentino nega essa situação de insegurança e afirma que está reforçando as medidas de controle do espaço aéreo com a aquisição de 14 novos radares, quatro dos quais estarão funcionando até o fim do ano. Neste momento viaja da Espanha um radar que, segundo o anúncio de Kirchner, estará na Argentina em duas semanas. A ministra da Defesa, Nilda Garré, reuniu-se com representantes das companhias estrangeiras que operam na Argentina e lhes garantiu segurança.

No fundo da polêmica está o projeto aprovado por Kirchner de pôr em funcionamento a Administração Nacional da Aviação Civil, que deslocará os militares do controle dos céus argentinos. Até hoje, dos 189 países que fazem parte da Organização Internacional de Aviação Civil, a Argentina é o único em que a força aérea figura como titular da administração do espaço aéreo. Segundo fontes oficiais, o que está ocorrendo é uma disputa sindical dos controladores diante da próxima entrada em operação desse organismo.

Tradução:
Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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