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Afronta aérea

Alfredo Sirkis

Nós, cariocas, já nos acostumamos à rota imposta pelas companhias aéreas à grande maioria dos vôos internacionais para ou da Europa e EUA, aquela famosa volta dos que não foram pela "rodoviária" de Guarulhos. Conquanto anti-geográfica, tem lógica econômica. Efetivamente, há um número maior de passageiros vindos da capital e do interior de São Paulo. O problema é que o aeroporto de Guarulhos não está à altura de servir de hub aeroportuário. Eu costumava reclamar, num certo tom de gozação, daquela prosaica prova paulista de que a terra é redonda. Refiro-me à rotina de Guarulhos de obrigar os passageiros, em trânsito, a dar uma volta completa pelo aeroporto para voltar às cabines de controle em ponto muito próximo ao portão no qual haviam desembarcado. Se para mim e outras pessoas, em boa forma física, isso é simplesmente motivo de divagação sobre os descaminhos da burrice humana, para pessoas idosas, com crianças pequenas ou com dificuldade de locomoção, constitui calvário.

E, no entanto, com tudo isso, éramos felizes e não sabíamos! Agora inventaram algo muito pior: estão obrigando passageiros, em trânsito, com destino final o Rio de Janeiro ou outras cidades, a fazer o controle de passaportes em Guarulhos, retirar bagagens, passar pela aduana, entrar nas enormes filas dos check-in domésticos, pagar multa por excesso de peso dentro de critérios de vôos nacionais antes de poder completar o périplo à volta da "rodoviária" de Guarulhos e reembarcar rumo ao nosso "balneário decadente", que tanto odeiam e invejam os maquinadores desta nova afronta ao Rio. Detalhe: anunciam alegremente aos passageiros que não poderão fazer free shop no Rio, só lá em Guarulhos...

Há uma crise internacional do transporte aéreo decorrente do conflito entre a forte expansão da demanda com a draconiana de segurança do pós- 11 de setembro de 2001. Há crises específicas envolvendo controladores aéreos. Na Argentina, neste momento, temos uma idêntica à daqui, inclusive na celeuma envolvendo a militarização do controle aéreo. A única diferença é que lá não ocorreu (ainda) uma tragédia análoga à do avião da Gol, embora constem vários episódios de alto risco. Agravar a crise obrigando os passageiros, em trânsito, em Guarulhos, a essa provação adicional prejudica fortemente o turismo internacional para o Rio, principal destino brasileiro. Os turistas estrangeiros, depois de mais de 10 horas de viagem, ficam baratinados, vagam como almas penadas pela zorra de Guarulhos, perdem seus vôos, juram que jamais voltarão ao Brasil. E os idosos, os passageiros com crianças pequenas ou dificuldades de locomoção? É dever do governador Sérgio Cabral, do prefeito Cesar Maia, das bancadas fluminenses do Senado e da Câmara questionar severamente essa afronta ao Rio e ao turismo brasileiro.

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