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Maternidade nas alturas: Pilotas conciliam amor pelas filhas e sonhos na aviação

Comandante Luciana Vaz e copilota Bárbara Silva trabalham em companhia com sede em Campinas. Elas relatam como lidam com a vida entre o céu e a terra, em meio aos cuidados com as crianças.


Por Jade Castilho | G1 Campinas e Região

A vontade de voar e o sonho de ser mãe sempre estiveram presentes nas vidas da comandante Luciana Vaz, de 40 anos, e da copilota Bárbara Silva, de 33. As amigas trabalham na mesma companhia, com sede em Campinas (SP), e compartilham os desafios da exigente carreira que vai da terra ao céu, em meio aos desejos de aproveitarem cada instante da infância das filhas.

Luciana e Bárbara participam juntas de voos especiais pelo Outubro Rosa (Foto: Arquivo Pessoal)
Luciana e Bárbara participam juntas de voos especiais pelo Outubro Rosa (Foto: Arquivo Pessoal)

Há 18 anos na aviação brasileira, Luciana foi pilota de táxi aéreo, exerceu funções administrativas e hoje é comandante das aeronaves da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Um currículo extenso que a fez planejar, durante oito anos, a maior conquista: ser mãe de Gabriela, de 7 anos.

"A aviação tem muitos pontos positivos, mas ela é um pouco cruel com as mulheres nessa parte e tem suas particularidades como qualquer profissão [...] Passarei o Dia das Mães longe da filha e da mãe... Faz parte", ressalta.

Com quase nove anos de profissão, Bárbara cursou a faculdade de publicidade, mas nunca deixou de lado o desejo de pilotar. Cogitou buscar espaço nas Forças Armadas, mas a rotina atual se divide entre voos nacionais, internacionais e a administração na chefia de equipamentos da companhia Azul. Assim como a amiga, o sorriso mais espontâneo é dedicado para a filha Valentina, de 2 anos.

Apoio incondicional

Luciana lembra que, à época em que estava grávida, pensou em abandonar a profissão para dedicar todo tempo para a filha. Contudo, explica, foi incentivada pela família a permanecer.

Bárbara, o marido e a filha Valentina no local de trabalho (Foto: Arquivo Pessoal)
Bárbara, o marido e a filha Valentina no local de trabalho (Foto: Arquivo Pessoal)

"Pensando em todos os sacrifícios que meus pais tiveram para proporcionar essa carreira para mim, eu decidi continuar na profissão e através dela fazer o meu meio de vida. Graças à aviação, hoje consigo conquistar objetivos em paralelo e outros projetos pessoais."

Luciana e o marido descobriram na gastronomia uma nova paixão e, há quatro anos, abriram um bistrô na metrópole. A comandante faz questão de enaltecer a ajuda da mãe nas realizações.

"Me ajuda com tudo e sempre deixo a Gabriela com ela quando preciso. Como ela acompanhou meu sonho de voar e me apoiou na carreira, conto com a ajuda dela em tudo", diz entusiasmada.

Já Bárbara conta com auxílios da sogra e do marido publicitário para cuidar da filha, uma vez que a atual escala de voos pelo Brasil e outros países significa até seis dias fora do acolhimento da família.

"Minha rotina é uma loucura. Quanto estou em casa ou trabalhando no setor administrativo, eu saio de manhã e meu marido leva nossa filha para a escolinha, onde ela fica durante o dia. Como é perto da casa da minha sogra, ela busca a Valentina e meu marido traz ela para casa a noite."

Saudade

Em relação à profissão, Luciana conta que Gabriela já se acostumou com a rotina de trabalho da mãe e do pai, que também é piloto. Porém, admite que a saudade pesa em alguns momentos.

"A Gabriela nasceu nesse meio, então ela já se acostumou com os dias que ficou fora, que estou trabalhando. Mas, um dia ela me disse: 'Mamãe, por que você não é vendedora de loja? Aí você poderia dormir em casa todos os dias!'" lembra a comandante.

O tom é repetido por Bárbara, embora Valentina seja mais nova que a filha da amiga. Para ela, os momentos livres são oportunidades de compensar os abraços partidos por milhas de distância.

"Ela começou a entender um pouco como é a minha profissão. Quando estou em casa, ela prefere ficar grudada comigo para aproveitar o tempo que temos juntas".

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