Engenheiro Ozires Silva diz que acordo entre as empresas pode criar gigante mundial da aviação. Para ele, interesse da americana na parceria é motivo de orgulho


Por Poliana Casemiro | G1 Vale do Paraíba e Região

O ex-presidente e fundador da Embraer, engenheiro Ozires Silva, disse que vê com ‘bons olhos’ a possível fusão entre a Boeing e a fabricante brasileira. A informação da negociação entre as empresas foi confirmada pelas empresas nesta quinta-feira (21). Para Ozires, é motivo de orgulho uma empresa deste porte ter interesse em uma parceria com a Embraer e a tendência é de crescimento.


Ozires Silva | Reprodução

Para ele, a união entre as empresas pode criar uma gigante global de aviação, com forte atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional. Ele avalia que essa ‘nova empresa’ seria capaz de fazer frente a uma união similar entre as concorrentes Airbus e Bombardier. O governo já informou que é contra a transferência do controle acionário da Embraer.

Na parceria, a Embraer atuaria com as aeronaves de pequeno porte, especialidade da Embraer e uma deficiência no mercado da Boeing. Com a fusão entre a Airbus e Bombardier, o mercado para a produtora brasileira e norte-americana ficaria mais competitiva. A fusão traria vantagem para ambas, segundo Ozires.

A informação foi dada na tarde desta sexta (22) pela assessoria de imprensa de Ozires Silva. Para ele, é motivo de honra a proposta – que ele contou que veio da Boeing.

“Vejo com honra esse convite. Quando pensamos na Embraer, sabemos que uma gigante como a Boeing não ligava para a nossa expressão. Essa negociação é o reconhecimento do tamanho da empresa hoje e do que ela representa no mercado da aviação”, disse.

Ozires também comentou sobre as especulações de que a fusão pode ser vista como crise para a empresa ou perda de sua expressão. “De forma alguma isso deve ser visto como uma diminuição na expressão da empresa. A Embraer não vai deixar de brilhar por isso. A tendência é de crescimento. É por causa de seus ótimos resultados que isso veio. Eu vejo com bons olhos e estou honrado”, comentou.

Autonomia


Além de Ozires, o ex-diretor financeiro da empresa, Manuel de Oliveira, responsável pelos termos do acordo de privatização da empresa em 1994, também diz que a fusão pode trazer benefícios, apesar fazer ressalvas – a principal delas é a manutenção da autonomia da empresa.

“O governo tem poder de decisão e esperamos que ele dê aval para a fusão, mas com ressalvas. É preciso que a empresa mantenha a autonomia desenvolvedora, não sendo mera produtora, e que ela não perca a marca, se transformando na Boeing Brasil. São anos de esforços e de orgulho para perdermos isso”, disse Manuel.

O ex-diretor explica que essas garantias estão na ‘mão do governo’, já que sua parte nas ações garante o poder de decisão – o ‘golden share’. Oliveira explica que, à época da privatização, a estratégia proibiu, por exemplo, que uma empresa internacional comprasse a empresa. Agora, ele espera que isso seja mantido.

“Com essa possibilidade, a Embraer teria maior competitividade de mercado. O que precisamos é que sua marca, orgulho para o Brasil e para a cidade, seja mantida, e que o desenvolvimento de tecnologias seja mantido. O mercado mundial está se adequando e o Brasil não pode ficar fora disso”, concluiu.

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