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Para manter expansão, a Azul projeta voos regionais e aos EUA

Valor

A Azul, terceira maior companhia aérea do país, planeja se apoiar no programa regional de aviação, no maior acesso ao aeroporto de Congonhas e nas rotas internacionais para seguir crescendo acima da média do setor e, assim, continuar ganhando participação de mercado. "Vamos continuar crescendo. Não como nos últimos anos. Mas vamos crescer mais que o mercado", disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, projetando uma expansão entre um dígito alto e dois dígitos.




Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Azul é a terceira maior aérea do país em passageiros-quilômetros transportados (RPK), com 16,3% do mercado em agosto. Um ano atrás, essa fatia era de 13,8%.

No critério de pessoas embarcadas, a Azul responde por 21% dos passageiros domésticos transportados entre janeiro e agosto último, ou 13,12 milhões de pessoas - 7,5% mais que o apurado em igual período de 2013. O mercado local no país cresceu 7% nessa mesma base.

Com frota de 143 aeronaves e 850 voos diários, a Azul atende 103 destinos, respondendo por 30% de todas as decolagens no país. Para Neves, o ritmo de expansão do setor vai ser acelerado com o programa da aviação regional. O plano do governo é espalhar o modal aéreo no país, de forma que 95% da população tenha um aeroporto a um raio de pelo menos 100 quilômetros de distância.

Para isso, o governo vai investir até R$ 7,4 bilhões ao longo dos próximos anos em infraestrutura aeroportuária. Outros R$ 1 bilhão serão usados anualmente para subsidiar o custo operacional das empresas que voarem para os aeroportos integrantes do programa e para as tarifas aeroportuárias.

Os subsídios sairão do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac), formado por recursos gerados na concessão dos aeroportos.

Neves chegou à Azul há sete meses, após liderar a área de aviação na consultoria McKinsey. Esteve entre os colaboradores que desenharam o plano de aviação regional. "Há uma demanda reprimida que pode rapidamente elevar o número de pessoas voando", afirmou.

As contas apontam que 4,5 milhões de pessoas serão incorporadas imediatamente ao universo de 100 milhões de brasileiros que já viajam anualmente de avião. "A taxa de meia viagem por habitante é muito baixa", disse, comparando aos Estados Unidos, onde essa relação é de dois para um.

Os subsídios serão dados conforme o tipo de avião usado, de R$ 0,03 a R$ 0,05 por assento, até o limite 60 assentos por voo. O volume de subsídios que cada companhia receberá vai depender das rotas que forem operadas e dos modelos de aviões usados.

No conjunto, a maior oferta de voos vai permitir redução dos preços das passagens em até 25%, em alguns trechos, e de até 33 minutos em tempo médio de voo por passageiro porque haverá menor necessidade de conexões.

O universo de novos passageiros virá de três formas, segundo o executivo: por novos destinos atendidos, pela troca de aeronaves (em vez de um ATR, por exemplo, compensaria fazer rotas com o Embraer, maior, que transporta mais gente) e por aumento de frequências.

Neves disse que o programa da aviação regional vai permitir às concorrentes Gol, TAM e Avianca disputar rotas hoje operadas apenas pela Azul. "Mas somos mais eficientes. Para replicar nossa estrutura de custo, teriam que replicar a malha inteira."

As empresas Gol e TAM são donas respectivamente de 38,8% e 35,2% da demanda doméstica em RPK, mas voam para menos de 70 destinos cada uma.

Apesar da maior disputa, Neves afirma que o plano de aviação regional terá efeito positivo para a companhia. Afinal, explicou, a Azul não vai ampliar o número de cidades atendidas sem o programa governamental.

Mas enquanto esse projeto não deslancha, a Azul projeta capturar mais demanda a partir de Congonhas. A Anac vai redistribuir horários de pousos (slots) para a aviação regular no terminal mais movimentado do país.

Dos atuais 30 slots por hora, haverá até 33 slots por hora. E a Azul, dona hoje de 0,06% do movimento no aeroporto - ante 5,5% da Avianca, 46,2% e 47,9% da TAM - passará ter cerca de 10%.

Pelas regras que distribuem esse slots apenas entre aéreas que têm menos de 12% das operações em Congonhas, a Azul projeta receber 25 de 41 slots.

Com essas posições, a empresa terá de 12 a 15 partidas diárias do aeroporto. "Com 12 partidas vou conectar 51 cidades", disse Neves. A empresa vai compor essa malha usando os pontos de conexão (hubs) de Confins (BH), Curitiba e Porto Alegre.

Segundo Neves, um executivo poderá sair de Vitória da Conquista (BA) ou de Pelotas (RS) para reunião em São Paulo e retornar no mesmo dia. "Se tivéssemos mais slots, faríamos conexões para Cuiabá (MT), Brasília (DF) e Galeão (RJ)", afirmou.

O presidente da Azul disse que iniciará as novas rotas já em 1º de novembro. E afirmou que a companhia não vai deixar de operar destinos próximos à região metropolitana de São Paulo por causa de Congonhas.

Segundo Neves, a rota partindo de São José dos Campos para o Rio, por exemplo, foi encerrada devido à concorrência com o aeroporto de Guarulhos (SP). "Guarulhos tem frequência, preço e capacidade. Não consigo convencer o cliente a sair de São José dos Campos. Eu não lucrava", acrescentou, ressaltando que a Azul vai usar o avião agora em um voo partindo de Vitória (ES).

"A beleza de nosso modelo de negócio é a flexibilidade de nossa frota", disse Neves, explicando que os aviões ATR e Embraer - menores que os Airbus e Boeing - permitem testar novos destinos sem absoluta certeza de que a operação será rentável.

Mas plano de negócio da Azul também inclui aviões maiores. A empresa está investindo US$ 2 bilhões em 11 Airbus A330-200 e A350, que serão usados em voos para os Estados Unidos, inicialmente para o sul da Flórida.

A estreia, marcada para março de 2015, foi antecipada para dezembro. Neves afirma que a empresa quer explorar oportunidades de demanda geradas pela capilaridade de sua malha. "Nossos cinco primeiro bilhetes foram vendidos para uma família de Corumbá, exemplo de cliente que quer viajar diretamente para fora sem conexão", disse.

O presidente da Azul descarta entrar na disputa direta com as companhias americanas. "Se nosso negócio internacional for 10% do faturamento [do grupo], não será um grande risco", disse.


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