Skate, material de pesca, coleção de talheres: donos nunca apareceram.
Terminal tem mutirão todo dia para recolher o que alguém deixou para trás.


Erick Gimenes
Do G1 PR, em Maringá

Uma pequena sala localizada em um canto do Aeroporto Silvio Name Junior, em Maringá, bem que poderia ser um brechó ou uma loja de "secos e molhados". Espremidos em um armário cinza, típico de repartição pública, objetos de todo o tipo acumulam-se com o passar do tempo, esquecidos por quem passou no terminal e nunca mais voltou para buscar o que deixou para trás.

Listados minuciosamente em um caderno de capa dura, estão à espera dos donos objetos de bebês (mamadeiras, um sapato, fraldas), skate, um aparelho de telefone fixo (com a base para carregar), equipamentos de pesca, uma coleção de talheres caros, joias, acessórios para automóveis, um enorme quadro de um ator famoso (cujo nome a administração não conseguiu recordar) e até algemas de sex shop.

Todo dia, há mutirão para recolher o que se perdeu no aeroporto. Funcionários andam para lá e para cá observando o que há nos assentos, nas tomadas, no chão. O lugar mais comum onde os materiais são deixados, conta o gerente de operações e segurança do aeroporto, Fernando Morais, é perto da TV.

"As pessoas sentam e acabam se distraindo fácil com a TV. Elas relaxam ali e, quando vão para o saguão ou embora para casa, no caso de quem está ali para encontrar alguém que chegou, esquecem os pertences. É muito como encontrarmos celulares ou tablets carregando nas tomadas, por exemplo", relata Morais.

Há, também, objetos que ficam engavetados por causa da distância. O gerente lembra que, muitas vezes, as pessoas moram em cidades distantes e não podem voltar a Maringá para recuperar o que foi perdido. Em alguns casos, os pertences são valiosos.

"Lembro de uma menina que perdeu o prendedor de cabelo da avó e não pôde voltar para pegar. Era algo pequeno, muito simples, mas que tinha muito valor sentimental. O que essa menina chorou foi uma imensidão", recorda o funcionário do aeroporto.

Os bens abandonados deveriam ficar guardados por 60 dias nos armários do aeroporto, antes de serem descartados. Mas Morais sempre espera um pouco mais, esperançoso de que tudo voltará para devida casa. Quando a espera se estende demais, no entanto, o gestor doa os objetos obsoletos para escolas.

"Nós temos todo o cuidado do mundo com os objetos que são deixados no aeroporto e sempre queremos que ele retorne ao seu dono. Porém, muitas vezes isso não é possível. Então, levo para escolas, onde as crianças precisam".

Outros aeroportos

No Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, quase 4 mil objetos foram esquecidos em 2013, de acordo com a administração do terminal. Em 2014, até agosto, já foram mais de 2,6 mil. Os objetos mais inusitados que ainda estão armazenados lá, ainda segundo a administração, são uma cadeira de rodas e um armário de cozinha.

Em Londrina, no Aeroporto José Richa, existem coisas guardadas há mais de dois anos no setor de achados e perdidos. Além dos rotineiros celulares e tablets, já foram esquecidos até carrinhos de bebês.

Perdi. O que faço?

Todos aeroportos guardam, por regra, os objetos encontrados sem dono dentro do terminal. Em algumas situações, ocorrem furtos, mas, em quase todos os casos, os pertences são arquivados. Para reaver o que foi perdido, portanto, é preciso entrar em contato com o aeroporto e, se o objeto foi encontrado, descrevê-lo.

Caso o que a pessoa procura esteja realmente lá, é necessário apresentar um documento com foto e assinar um termo declarando que o objeto foi retirado.

Telefones dos achados e perdidos

Aeroporto Silvio Name Junior (Maringá) - (44) 3366-3838
Aeroporto Afonso Pena (Curitiba) - (41) 3381-1450/1494
Aeroporto José Richa (Londrina) - (43) 3027-9000


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