Dobrolet, que atualmente circula apenas entre Moscou e a península de Crimeia, vai ampliar operações.


Maria Karnaukh, especial para Gazeta Russa

Atualmente, a nova companhia área Dobrolet, cuja operação foi iniciada em junho de 2013, liga apenas a capital russa à península de Crimeia. Graças ao subsídio do governo, as passagens estão sendo comercializadas por valores entre US$ 29 e 102. Porém, de acordo com as informações da assessoria de imprensa da empresa, duas novas rotas nacionais serão abertas até agosto – Moscou- Volgogrado (a 970 quilômetros da capital russa) e Moscou-Perm (a 1442 quilômetros da capital). O preço mínimo de uma passagem, com direito a apenas bagagem de mão de até 10 quilos, também ficará em torno de US$ 29. O transporte da bagagem adicional e prestação de demais serviços, como alimentação a bordo, serão cobrados à parte.

“O modelo comercial das companhias aéreas de baixo custo prevê a minimização de gastos, permitindo assim oferecer as passagens de 20 a 50% mais baratas do que a das transportadoras convencionais de classe econômica”, explicou à Gazeta Russa a assessoria de imprensa da Dobrolet. Segundo os representantes da empresa, a rede de rotas da companhia será ampliada para até 10 destinos nacionais até o final do ano, e chegará a 40 localidades até 2018.

Além disso, em 2016, a empresa pretende iniciar a operação no mercado internacional. Apesar de a assessoria de imprensa não divulgar as informações sobre os novos trajetos, o jornal de negócios “Vedomosti” afirma que as aeronaves da empresa ligarão o país a pelo menos três cidades: Tel Aviv, Istambul e Barcelona. “Até 2018, a frota de aviões será ampliada e contará com até 40 aeronaves, enquanto o fluxo anual de passageiros, segundo as previsões, atingirá 10 milhões de pessoas, garantindo à companhia um lugar na lista de dez maiores transportadoras aéreas da Rússia”, ressalta a assessoria.

A fundação das próprias empresas aéreas de baixo custo faz parte das estratégias de desenvolvimento padrão de todas as grandes companhias aéreas europeias, tais como a Lufthansa, que deu origem à subsidiária German Wings, e ajudou-a a se estabelecer no mercado europeu de transporte aéreo de baixo custo. Uma estratégia parecida foi adotada pela Iberia, companhia aérea nacional espanhola, que em 2006, abriu uma transportadora de baixo custo denominada ClickAir. Dois anos mais tarde, a ClickAir se uniu com Vueling, um dos seus concorrentes, e a Iberia acrescentou 46% das ações desta empresa recém-criada aos seus ativos.

A fusão trouxe bons resultados: hoje em dia, a Vueling ocupa o segundo lugar entre as companhias aéreas espanholas em termos de fluxo de passageiros, enquanto o seu mapa de rotas é composto por 150 destinos regionais. “Pela experiência internacional, os serviços prestados por companhias aéreas de baixo custo fazem sucesso entre os usuários do mercado de transporte aéreo de passageiros”, acrescentam os representantes da companhia.

Fatores de sucesso

Devido ao fracasso de seus dois antecedentes, Sky Express e Avianova, falidas em 2011, a Dobrolet pode ser considerada a terceira tentativa de criação de uma transportadora aérea de baixo custo em território russo. Na opinião de especialistas, o fracasso de duas operadoras mencionadas deve-se aos altos custos de operação, incluindo impostos e taxas cobradas pelos aeroportos, assim como a ausência de uma legislação que favoreça as atividades das companhias aéreas desse tipo.

O antigo Código de Aviação Civil do país não permitia, por exemplo, a venda de passagens não reembolsáveis e exigia que os passageiros fossem alimentados a bordo de todas as aeronaves. Segundo Anatóli Khodorkovski, vice-diretor geral da agência de investimentos Reguion, as recentes mudanças introduzidas nas leis existentes aumentam drasticamente as chances de a nova empresa se estabelecer no mercado e construir um modelo comercial viável devido à possibilidade de lucrar com a prestação dos serviços adicionais e à redução de despesas.

O apoio da Aeroflot, proprietária da Dobrolet, também facilitará na otimização de seus processos comerciais. “A redução máxima das despesas fixas prevê a formação de uma nova frota de aeronaves do mesmo tipo”, afirma Khodorkovski. Segundo ele, os planos da nova companhia para o final deste ano inclui a aquisição de oito aviões Boeing 737NG, cuja compra foi finalizada com o apoio da Aeroflot.

“Além disso, a Dobrolet usufrui do direito de comprar combustível pelos preços especiais aplicadas à sua empresa proprietária”, acrescenta Oleg Panteleev, diretor do departamento analítico da agência Aviaport. Enquanto a redução de gastos está relacionada ao apoio da Aeroflot, a expansão para o mercado internacional dependerá do suporte do governo do país. “A abertura de rotas internacionais exigirá novos acordos intergovernamentais”, diz Panteleev.


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