Funcionários do laboratório britânico de Farnborough prometem decifrar os dados da segunda caixa-preta do Boeing malaio que se despenhou na quinta-feira na Ucrânia. Essa caixa-preta contém a gravação das conversações da tripulação com os controladores aéreos em terra.


Konstantin Garibov | Voz da Rússia

Esses dados podem confirmar ou refutar uma das versões fundamentais da queda do Boeing. Mais exatamente, se ele foi atingido por um míssil lançado de um avião. Pode se tratar de um caça Su-25 da Força Aérea da Ucrânia. A sua proximidade do Boeing antes da catástrofe foi detetada por meios russos de observação. Além disso, o Boeing, nessa altura, desviou-se da rota 14 quilómetros no sentido do Su-25. Os dados da segunda caixa-preta poderão explicar as causas dessa manobra.
Caixas-pretas irão esclarecer catástrofe do Boeing

Foto: RIA Novosti/Mikhail Voskresensky

E isto é uma questão de princípio. O general Vladimir Mikhailov, comandante-chefe da Força Aérea da Rússia entre 2002 e 2007, avançou, numa entrevista televisiva, que o aparelho malaio foi abatido por um caça ucraniano Su-25. Isso ocorreu com a participação do Centro de Controle de Voos em Dnepropetrovsk. “Isto parece muito vergonhoso”, considera Mikhailov.O Su-25 não podia entrar demasiado na rota civil internacional, por isso o centro em Dnepropetrovsk ordenou ao Boeing desviar-se da rota e aproximar-se do Su-25.

Aí havia um problema, mas esse também foi contornado. O Boeing voava à velocidade de 900 km/h, pois, à altitude de 10 mil metros, o Su-25 não pode voar a essa velocidade. Mas, quando o alvo entra na zona de tiro do caça, o piloto precisa apenas de apontar a parte da frente para o alvo, que é atingida por ogivas do míssil R-60. A distância ideal e mais cômoda para o ataque é de 3-5 km. Foi precisamente essa a distância entre o Boeing e o Su-25 que foi fixada por meios russos de controle. Estes dados foram revelados pelo Ministério da Defesa da Rússia e entregues a peritos da UE.

Mikhailov considera também que a parte ucraniana esperava que o despenhamento do Boeing tivesse lugar no território russo. Mais, os americanos sabem disso, mas estão calados. Precisamente por isso é que eles não publicam qualquer informação dos seus satélites. O seu objetivo é culpar a Rússia, considera Pavel Zolotarev, o vice-diretor do Instituto dos EUA e Canadá:

"A desinformação é um dos instrumentos da política externa dos EUA, que eles também utilizaram ativamente antes. Recordemos, por exemplo, a preparação da agressão contra o Iraque. Penso que mentiram e irão mentir em nome do objetivo que colocaram. E o objetivo que colocaram foi: fazer da Rússia a culpada".

Os dados das caixas-pretas são insuficientes para determinar as verdadeiras causas da catástrofe. No local da queda do Boeing é obrigatório determinar com que míssil foi atingido, considera o perito militar Mikhail Khodorenok:

"Em primeiro lugar, os peritos em munições devem começar a trabalhar, porque mesmo os peritos altamente qualificados da ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional), por exemplo, não podem determinar qual a parte da munição que atingiu o avião. Ou a parte central do míssil R-60 disparado por um caça Su-25, ou o fragmento de uma munição do complexo lança-mísseis Buk. Isso deverá ser cuidadosamente investigado pela comissão internacional".

Entretanto, os peritos internacionais não puderam, durante vários dias, sair de Kiev para chegarem ao lugar da queda do Boeing. As autoridades explicaram isso com os interesses da garantia da sua segurança pessoal. Essa não é a única confirmação de que a parte ucraniana tenta travar de todas as formas uma investigação objetiva.

As autoridades escondem as gravações das conversas dos seus controladores aéreos com a tripulação do Boeing, bem como os cálculos dos complexos de defesa antiaérea, declarou o general-tenente na reserva Alexander Maslov, antigo comandante do Estado-Maior das tropas de defesa antiaérea da Rússia. Sem dúvida que os militares ucranianos possuem esses dados, porque esse sistema não mudou desde a era soviética e funcionou sempre como um relógio, assinalou Alexander Maslov. E se na Europa e nos EUA estão interessados numa investigação independente e transparente, devem exigir à Ucrânia que apresente as gravações dessas conversas imediatamente.


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