Foi a sexta vez em menos de um ano que os passageiros ficaram no escuro
Para especialistas, faltam manutenção adequada e novos equipamentos
Infraero promete investir R$ 13,8 milhões na compra de um terceiro gerador de energia e de novos transformadores


Caio Barreto Briso | O Globo

RIO – Um animal silvestre provocou o curto-circuito que causou o apagão de mais de uma hora na noite de sexta-feira no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Segundo a Infraero, o animal (não identificado) teria invadido a área da subestação de energia, localizada no próprio aeroporto. O curto gerou a sobrecarga elétrica que desarmou dois disjuntores. Em menos de um ano, é a sexta vez que o Galeão sofre com um problema deste tipo. Especialistas no setor elétrico dizem que, provavelmente, as instalações e equipamentos estão desatualizados.

- Um aeroporto deve ter geradores automáticos em número suficiente. Não se pode ficar à mercê de um curto-circuito. As instalações elétricas nos aeroportos brasileiros normalmente são precárias -, diz Fábio Resende, que tem 46 anos de experiência na área e é um dos diretores do Ilumina, instituto de desenvolvimento estratégico do setor elétrico. - Está claro que faltam manutenção adequada e investimentos em novos equipamentos e em atualizações. Quase sempre a parte elétrica, mesmo em nível industrial, é relegada ao segundo plano - completa Resende.

O engenheiro eletricista Roberto Pereira D’Araújo, também do Ilumina, observa que problemas elétricos acabam com qualquer aeroporto:

- Tudo ali dentro depende de energia. Máquinas, radar, computadores, check-in, tudo. Se o problema não for equacionado logo, novos apagões devem acontecer - afirma.

A Infraero informou, via assessoria, que "estão em andamento três grandes investimentos no sistema elétrico do aeroporto: a reforma dos dois grupos de geradores existentes, a aquisição de um terceiro grupo e a compra de novos transformadores".

Segundo o órgão, o investimento total será de R$ 13,8 milhões. A Infraero também disse que os geradores atendem ao aeroporto por completo e que os terminais 1 e 2 ficaram no escuro porque "o curto-circuito ocorreu entre os geradores e os terminais, o que impediu o seu ligamento automático, sendo necessário o ligamento manual".

Em agosto deste ano, a administração do aeroporto passará a ser oficialmente da Concessionária Aeroporto Rio de Janeiro, consórcio que tem no comando a Odebrecht e a Changi (de Cingapura).

Em nota, a empresa afirmou já ter iniciado a elaboração do chamado Plano de Ações Imediatas (PAI). Será, segundo o consórcio, "um extenso levantamento para identificar os pontos mais urgentes, além do que está previsto no edital". A avaliação do sistema elétrico do Galeão, segundo a empresa, está contemplada pelo levantamento.


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