NATUZA NERY
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA - FOLHA DE SP
Depois de adiar por quase um ano a concorrência, mudando várias vezes o formato da operação, e fazer excursões pelo mundo para divulgá-la, o governo respirou aliviado ontem com a confirmação de que o leilão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) terá mais de um interessado na disputa.
Cinco grupos entregaram propostas para a disputa, que acontece na sexta-feira. Todos vão disputar o Galeão, e três deles também Confins.
O governo não divulga o nome dos consórcios para evitar formação de cartel. Mas a Folha apurou que eles são formados por grandes construtoras nacionais aliadas a empresas que operam os maiores aeroportos do mundo, como Paris (França), Amsterdã (Holanda), Londres (Inglaterra), Frankfurt (Alemanha), Munique (Alemanha), Zurique (Suíça) e Cingapura (veja abaixo).
Os cinco grupos eram dados como certos pelo governo federal desde setembro, conforme a Folha antecipou na época. Ainda assim, o Planalto comemorou, já que temia-se que Confins pudesse ficar sem interessados.
Os grupos liderados pelas brasileiras Ecorodovias e Invepar e Carioca Engenharia não disputarão Confins.
As restrições impostas pelo governo -- maior experiência na administração de aeroportos de grande porte e restrição a operadores nacionais privados -- diminuíram o número de participantes em relação ao leilão de 2012, quando 12 grupos disputaram os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.
Afasta-se assim a chance de grupos de pequeno e médio porte vencerem a disputa, como aconteceu em 2012, o que não agradou à presidente Dilma Rousseff.
Dos consórcios que o governo esperava, só o da construtora Fidens com o operador americano ADC&HAS não apresentou proposta.
Na quinta-feira, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), responsável pelo leilão, vai informar se algum dos concorrentes não poderá participar da fase seguinte, de lances, na sexta.
Para a fase de lances, serão habilitadas as três empresas que fizerem a melhor proposta inicial por cada aeroporto. Classificam-se também as que fizerem ofertas com até 90% do valor da maior proposta de cada unidade. As habilitadas podem oferecer lances na hora e vence quem fizer a maior proposta.
O valor mínimo para o Galeão é de R$ 4,8 bilhões. Já para Confins, R$ 1,1 bilhão. No último leilão, o ágio médio das três unidades foi de 347%. Mesmo com menos consórcios, a expectativa é de valores também elevados.
ODEBRECHT TRANSPORT (grupo Odebrecht)
Sócio operador: Changi Airport Group (Cingapura)
Aeroporto controlado: Changi (Cingapura)
Passageiros: 51,2 milhões
Faturamento: € 1,2 bilhão
Funcionários: 1.400
ECORODOVIAS (grupo CR Almeida)
Sócio operador: Fraport AG (Alemanha)
Aeroportos controlados: 13 (principais: Frankfurt, Alemanha; Antalya, Turquia; Lima, Peru)
Passageiros: 188 milhões
Faturamento: € 2,5 bi
Funcionários: 21 mil
CARIOCA ENGENHARIA
Sócio operador 1: ADP Airports (França)
Aeroportos controlados: 13 (principais: Paris; Orly, França)
Passageiros: 88 milhões
Faturamento: € 2,6 bi
Funcionários: 9.000
Sócio 2: Schipol (Holanda)
Aeroportos controlados: 4 (principal: Amsterdã)
Passageiros: 55 milhões
Faturamento: € 1,4 bilhão
Funcionários: 2.100
GRUPO QUEIROZ GALVÃO
Sócio operador: Ferrovial (Espanha)
Aeroportos controlados: 4 (principais: Heathrow, Inglaterra; Glasgow, Escócia)
Passageiros: 100 milhões
Faturamento: € 7,7 bilhões
Funcionários: 2.100
CCR (grupos Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Soares Penido)
Sócio operador 1: Flughafen Zürich AG (Suíça)
Aeroporto: Zurique (Suíça)
Passageiros: 25 milhões
Faturamento: € 758 mi
Funcionários: 1.400
Sócio 2: Flughafen Munchen (Alemanha)
Aeroporto: Munique
Passageiros: 38 milhões
Faturamento: € 1,2 bi
Funcionários: 7.600
Fonte: balanços anuais das operadoras, 2012