Empresas querem autorização para mudar voos, dando prioridade às cidades-sede do mundial, sem correr o risco de serem multadas


MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo 

As companhias aéreas pediram que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) flexibilize as regras de alteração de malha aérea durante o período da Copa do Mundo. O argumento das empresas, apresentado na quarta-feira, é de que a demanda por passagens aéreas será alterada durante a época dos jogos e exigirá ajustes de última hora para transportar as torcidas.

As empresas querem poder cancelar voos que não terão demanda durante a Copa do Mundo sem ser penalizadas e ganhar agilidade para criar voos extras. Hoje, as regras da Anac punem empresas com alto índice de cancelamentos de voos, por exemplo, com perda de slots (horários de pouso ou decolagem) em aeroportos concorridos, como Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

"Hoje, as empresas levam 90 dias para trocar o horário de um voo", explicou o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Só a aprovação do horário do voo leva 30 dias na Anac.

Segundo ele, o resultado dos jogos influenciará na demanda por voos e exigirá ajustes rápidos na malha das empresas.

"O resultado de um jogo de Espanha e Bósnia em São Paulo definirá em que cidade as duas seleções jogarão em cidades seguintes. Se a Espanha ganhar e o próximo jogo for em Fortaleza, haverá uma demanda, hipoteticamente, de oito aviões de São Paulo para Fortaleza. Se a Bósnia ganhar, será necessário apenas um", disse Sanovicz. "O futebol é imprevisível. É precisamos que tenhamos essa possibilidade de ajuste."

Dependência. O presidente da Abear ressaltou que a malha da Copa não está pronta e será definida após o sorteio das chaves, no dia 6 de dezembro. As companhias querem ter a possibilidade de fazer outras alterações de última hora. O tema está em discussão neste momento dentro da Anac.

Sem definições das chaves, as agências de turismo fizeram reservas nos voos estão considerando diversos cenários para os jogos. "O bloqueio dos assentos pelas agências é três vezes a demanda real", disse o diretor de planejamento de malha aérea da Gol, Claudio Borges.

Preços. Essas reservas "preventivas" fazem com que os voos da malha regular que estão à venda pelas empresas tenham altas taxas de ocupação neste momento, o que influencia na precificação das passagens ainda disponíveis. É por isso, segundo ele, que os preços praticados durante os jogos da Copa estão elevados.

Com o sorteio das chaves, a expectativa das companhias é de que as agências liberem boa parte dos voos previamente reservados - cerca de dois terços. Com isso, o preço pode cair em destinos de menor demanda. Já os destinos que se confirmarem como sede de jogos importantes poderão ter os preços ainda mais elevados.

Governo quer evitar abusos em passagens e hotéis

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse ontem que o governo federal vai fazer o possível para evitar abusos de preços na rede de hotelaria e nas passagens áreas para a Copa do Mundo de 2014. A ministra participou da 1ª Reunião do Comitê de Acompanhamento de Preços, Tarifas e Qualidade de Serviços para a Copa do Mundo.

"Nós queremos entrar num acordo com essas empresas, ou seja, que elas possam oferecer um preço bom e justo. Se nós tivermos abuso de preço, o Estado brasileiro vai tomar providências. Vai utilizar de tudo que tem ao seu alcance para que a gente possa ter um equilíbrio nos preços." De acordo com a ministra, com o resultado dos sorteios da Fifa, o governo vai ter uma ideia mais clara do fluxo de pessoas e da demanda por passagens aéreas e da rede hoteleira. "Já temos alguns levantamentos prévios, mas teremos um quadro mais detalhado depois do sorteio dos ingressos da Copa. Vamos ter o sorteio agora no dia 29, e depois um sorteio no início de novembro. No início de novembro vamos saber a demanda por passagens aéreas, hotéis e aí teremos condições de ter um mapa para saber como os preços vão se ; comportar", afirmou a ministra, Gleisi disse ainda que a Secretaria de Aviação Civil e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estão estudando a possibilidade de flexibilizar a malha aérea durante o mundial de futebol, com o objetivo de evitar que haja falta de voos para alguns destinos durante o evento.


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