Desempenho ruim dos voos domésticos no País afeta projeções do setor aéreo mundial

Jamil Chade - O Estado de SP

Correspondente / Genebra 

Depois de anos de expansão, o mercado doméstico de passageiros no Brasil sofre uma contração e, junto com o freio em outras economias emergentes, acaba contribuindo para afetar o setor aéreo mundial. Dados divulgados ontem pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (lata) apontam que, no primeiro semestre, o número de passageiros domésticos no Brasil caiu 0,6%.

A entidade reduziu suas projeções de lucros e de renda para 2013, apontando para ganhos de US$ 11,7 bilhões - US$ 1 bilhão a menos que as projeções iniciais. O custo elevado do petróleo, por conta da crise na Síria, e resultados decepcionantes em alguns países emergentes, entre eles o Brasil, seriam as causas dessa revisão. "Os mercados emergentes sofreram uma desaceleração", admitiu Tony Tyler, presidente da lata.

A realidade brasileira contrasta com a média da expansão mundial. Segundo ele, o número de passageiros no mundo deve crescer em 5% em 2013, abaixo dos 5,3% de 2012. Mas, pela primeira vez, o número de passageiros vai superar a marca de 3 bilhões de pessoas.

Brasil. Diante do fraco desempenho do Brasil, a lata estima que toda a média latino-americana para o ano acabará comprometida. Em 2013, as projeções apontam que o setor aéreo na região terá lucros de US$ 600 milhões, um dos mais baixos do mundo, repetindo os resultados de 2012. Só em 2014 é que 0 setor teria um salto nos lucros, passando a US $ 1,1 bilhão.

"Mas uma melhoria mais ampla está sendo impedida por vários fatores, entre eles a fragilidade econômica do Brasil", apontou a lata. "A fraqueza econômica no Brasil está sendo compensada por melhorias de desempenho como resultado de restruturações e disciplina na capacidade", disse a lata.

Segundo a entidade, as rotas entre a América do Sul e os EUA continuam a se expandir. Mas as rotas ligando outras regiões emergentes seriam mais vulneráveis e dependem ainda dos ciclos de crescimento dessas regiões. Ainda assim, a demanda deverá crescer em toda a região em cerca de 6%.

Ásia. Na Ásia, a desaceleração da Índia é o que mais impacta no setor aéreo regional. O segmento ainda terá lucros de US$ 3,1 bilhões. Mas US$ 1,5 bilhão, abaixo das taxas de 2012. Já na China, o primeiro semestre mostrou uma expansão de 12% no mercado doméstico. Mas distante do crescimento de mais de 20% dos últimos anos. Na Rússia, outro país do Bric, a expansão no primeiro semestre foi de 10%.

A desaceleração de alguns dos emergentes ocorre no momento em que tanto o mercado americano quanto o europeu dão sinais de estabilização. "O crescimento de mercados emergentes como índia, Brasil e, de certa forma, a China, foi mais lento do que se antecipava", disse Tyler. "Mas isso foi de uma certa forma equilibrado por melhorias na economia dos EUA e pela estabilização da Europa."

Na América do Norte, os lucros no setor serão de US$ 4,9 bilhões em 2013, com alta de 2% na demanda de passageiros. Para 2014, as projeções são de lucros de US$ 6,3 bilhões - um recorde para o setor. Na Europa, os lucros devem chegar a US$ 1,7 bilhão, quatro vezes mais do que em 2012. Para 2014, o valor deve dobrar.

Para a lata, o bom resultado dos países ricos em 2014 deve permitir que o setor atinja lucros de US $ 16,4 bilhões no próximo ano, que também seria 0 maior da história.



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