Eduardo Simões - Reuters

SÃO PAULO, 1 Ago (Reuters) - Os aeroportuários decidiram manter a paralisação nos 63 aeroportos operados pela estatal Infraero ao menos até a próxima terça-feira, quando haverá uma audiência de conciliação entre a categoria e a empresa na Justiça do Trabalho, disse o diretor administrativo do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Samuel Santos.

Segundo ele, a categoria vai respeitar decisão liminar do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que impôs restrições à paralisação sob pena de pagamento de multa diária de 50 mil reais, embora o sindicato discorde das limitações impostas.

Nesta quinta-feira, os índices de atraso e cancelamentos de voos eram superiores aos registrados na véspera, primeiro dia de paralisação dos aeroportuários, mas de acordo com a Infraero, isso se deve ao fechamento dos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro, por questões climáticas. De acordo com a estatal, a situação nos aeroportos era normal, apesar da manifestação.

"A greve está mantida até terça-feira, respeitando a liminar (do TST)", disse Santos à Reuters por telefone. "A Infraero diz que a greve foi pífia, mas pede uma liminar restringindo o nosso direito. Nosso sentimento é de vitória", garantiu.

Apesar de a Infraero afirmar que os índices mais altos de cancelamento e atrasos nesta quinta se dever ao fechamento dos aeroportos do Rio, o sindicalista acredita que a greve está tendo efeito nos serviços da estatal.

"Acreditamos que sim, porque o setor aeroportuário trabalha em cascata", disse.

Em boletim atualizado às 17h, a Infraero disse que 26 por cento dos voos domésticos sofreram atrasos e 5 por cento foram cancelados. Na véspera, neste mesmo horário, esses índices eram de 14,9 por cento e 1,4 por cento, respectivamente.

Nos voos internacionais, ainda de acordo com a estatal, os atrasos representavam 31,6 por cento e os cancelamentos 3,4 por cento. Na quarta-feira, no boletim de mesmo horário, os índices eram de 20,2 por cento e 1 por cento.

Na noite de quarta-feira, o presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis, rejeitou pedido da Infraero para que a greve fosse considerada abusiva e decidiu que a paralisação poderia continuar, desde sejam mantidos 100 por cento das operações de controle de tráfego aéreo, 70 por cento das de segurança e operação e 40 por cento das demais áreas.

O diretor do Sina disse que, apesar de respeitar a decisão, o sindicato não concorda com ela e estuda maneiras de convencer o presidente do TST a revê-la.

"A gente vai tentar mostrar que a liminar não atende aos trabalhadores", disse. "Direito de greve é um direito que todo trabalhador deve ter", acrescentou.

A Infraero informou que seu Departamento Jurídico estuda a liminar e que ainda não há decisão da estatal sobre um eventual questionamento da decisão.

O ministro Carlos Alberto Reis marcou uma audiência de conciliação entre o sindicato e a Infraero para a próxima terça-feira. A categoria pede, entre outros pontos, reajuste salarial de 16 por cento e melhoria nos benefícios. A estatal ofereceu aumento de 6,4 por cento, que representa a reposição da inflação entre maio do ano passado e abril deste ano.



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