SHEILA DAMORIM e RUBENS VALENTE - FOLHA DE SP
DE BRASÍLIA

Uma pane no sistema elétrico do aeroporto internacional de Brasília, um dos maiores do país, na manhã deste sábado os pousos e decolagens de aeronaves comerciais, levando caos ao terminal, com centenas de passageiros na fila sem conseguir embarcar.

No início da tarde, a Infraero registrava atraso na partida de pelo menos 66 voos, cerca de 71% de todos os previstos até então. Outros cinco voos foram cancelados.

Em uma reação em cadeia, o colapso de Brasília afetou diversos voos que deveriam deixar outros aeroportos do país e passar por Brasília. Aviões tiveram que alterar sua rota original para não descer em Brasília, sendo orientados a pousar em Goiânia e em aeroportos de Minas Gerais.

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), um blecaute atingiu o aeroporto das 3h39 às 8h39 de ontem. A agência disse que vai averiguar as causas da pane.

Desde o último dia 28, o aeroporto é gerido integralmente pela Inframérica, um consórcio de empresas privadas que venceu uma concorrência lançada pelo governo federal no ano passado. Antes disso, por seis meses a Inframérica e a Infraero atuaram juntas na gestão do aeroporto.

O problema em Brasília gerou explicações divergentes. A assessoria de imprensa CEB (central elétrica de Brasília) não reconheceu qualquer interrupção no fornecimento de energia ao aeroporto e atribuiu o blecaute a "questões internas do aeroporto". Segundo a CEB, uma equipe passou a manhã toda analisando o assunto e concluiu que "não foi constatado problema nas linhas de transmissão".

Em nota, contudo, a Inframérica afirmou que o aeroporto "tem sofrido picos de energia por problemas estruturais das linhas de transmissão" e que os geradores elétricos do local são acionados para "segurar as oscilações de energia".

Ainda conforme o consórcio, as oscilações teriam causado "danos nos sistemas elétricos que funcionam após o grupo gerador".

O consórcio disse que está tomando providências para prevenir problemas do gênero. Citou que o governo do Distrito Federal "definiu que a alimentação do aeroporto será feita por linha de transmissão exclusiva" que deverá estar concluída até o final do ano e que um sistema de automação deverá ser instalado ainda em 2013, "como parte da reforma do terminal".

Segundo a Inframérica, o blecaute de ontem não atingiu "o sistema de elétrico de controle de voos, não afetando em momento algum a segurança do tráfego aéreo". O problema teria ficado restrito "ao sistema do terminal de passageiros".

IMAGINA NA COPA

Um dos voos desviados foi o de número 6220, da Avianca, que saiu às 9h25 do Rio para Brasília. Os passageiros foram surpreendidos quando o piloto avisou que teriam que ir para Confins, em Belo Horizonte, já que o aeroporto de Goiânia, mais próximo da capital federal, também estava lotado com aeronaves que não conseguiram pousar em Brasília. Os passageiros só conseguiram desembarcar na capital às 14h.

Já a advogada Nuza Oliveira Lima saiu cedo de Salvador deveria fazer uma conexão em Brasília para seguir para o Maranhão. Antes, porém, foi parar em Uberlândia.

"Quando íamos pousar em Uberlândia, o piloto disse quer recebeu orientação para voltar para Brasília", contou. 'Vou fazer o concurso da magistratura. Imagina se não chego", afirmou.

O aposentado Edvaldo Soares estava acompanhando um amigo que embarcava para Bahia reagiu indignado quando soube que houve um problema elétrico: "Aeroporto não tem gerador? Se as férias terminaram e acontece isso, imagina na Copa das Confederações, na Copa do Mundo".

O motorista Carlos Antônio Nogueira Sampaio que ia passar as férias em Porto Seguro, na Bahia, aguardava na fila uma posição da companhia aérea sobre o horário do embarque. Segundo ele, os passageiros foram informados que havia congestionamento no tráfego aéreo e não havia previsão para decolagem.

PRIVATIZAÇÃO

O aeroporto de Brasília, juntamente com o de Guarulhos e Viracopos, foram os primeiros a serem privatizados na gestão Dilma Rousseff. O resultado do leilão, porém, desagradou a presidente. Na época a avaliação foi que as regras permitiram que pequenos operadores ganhassem as disputas.

E havia o temor no governo de que as empresas vitoriosas tivessem problemas na administração de aeroportos com grande movimento.

A irritação da presidente fez o governo reforçar as exigências na nova rodada de leilões do setor prevista para este ano. Uma ideia é permitir que apenas operadores com experiências em aeroportos com movimento entre 35 milhões e 40 milhões de passageiros por ano participem dos leilões de Galeão e Cofins.

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