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Embraer fecha acordo de US$ 4 bi com aérea dos EUA, o maior desde 2008

Contrato com a Republic Airways prevê entrega de 47 jatos e mais 47 opções de compra do modelo E175 para operar voos regionais; negócio pode representar retomada do mercado de aeronaves comerciais, em retração desde o início da crise global

Marina Gazzoni - O Estado de SP


A Embraer anunciou ontem a venda de até 94 jatos E175 para a americana Republic Airways, em um contrato que pode chegar a US$ 4 bilhões. O negócio é o maior fechado pela empresa pelo menos desde 2008 e indica um reaquecimento do segmento de aeronaves comerciais, que enfrenta uma escassez de pedidos desde o início da crise global. Metade das aeronaves encomendadas são pedidos firmes e, as demais, opções de compra. Os jatos da Embraer virão configurados com 76 assentos e integrarão a frota da Republic Airlines, subsidiária do grupo Republic Airways. Eles serão usados em voos regionais da American Airlines, parceira da empresa.


O acordo depende da aprovação do tribunal de recuperação judicial da American Airlines. "As empresas deram entrada no pedido de aprovação hoje (ontem) e esperamos que a autorização saia no primeiro trimestre", disse o presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva. Segundo ele, os primeiros jatos serão entregues em junho. O negócio ocorre após um período de vendas fracas, que resultou na redução da carteira de pedidos da Embraer. Em 2012, as encomendas da fabricante brasileira somavam US$ 12,5 bilhões, cerca de 20% menos do que em 2011 e bem abaixo dos US$ 20,9 bilhões que a empresa somava em pedidos em 2008. Só com os pedidos firmes da Republic Airways, a carteira da Embraer sobe para US$ 14,5 bilhões.


"Esse contrato é importante pelo momento, porque dá certo alívio em termos de perspectiva de produção nos próximos anos", disse o presidente da Embraer, Frederico Curado, em Davos, na Suíça. 


"O ano de 2012 não foi muito bom em vendas. Isso gera preocupação, porque o efeito das vendas (na produção) não acontece no mesmo exercício. São 12 a 48 meses à frente. Então, nós estávamos realmente necessitados", concluiu.

A encomenda bilionária da Republic Airways trouxe ânimo aos investidores e fez a ação da Embraer disparar. O papel subiu 8,89% no pregão de ontem, a maior alta do Ibovespa, que fechou em queda de 1,29%. "A notícia surpreendeu. Nossa expectativa era de que o segmento comercial continuaria estável. Não esperávamos uma retomada, principalmente no mercado americano e europeu", disse a analista da corretora Coinvalores, Sandra Peres.


Apesar de indicar uma retomadas dos pedidos, a analista estima que a Embraer ainda levará "pelo menos cinco anos" para voltar ao nível que tinha em carteira antes da crise.


Oportunidade. Um acordo feito entre as principais empresas aéreas americanas, como American Airlines, United Continental e Delta, com os sindicatos de pilotos no ano passado abriu oportunidade para as vendas de jatos para aviação regional no país. As empresas conseguiram o aval dos trabalhadores para a transição de sua frota de aeronaves de 50 lugares para equipamentos com até 76 assentos.


A estimativa do presidente da Embraer Aviação Comercial é de que as empresas americanas encomendem entre 300 e 400 jatos neste segmento nos próximos 18 meses. "Já estamos em conversas com outras empresas nos Estados Unidos e devemos buscar novas oportunidades com o Embraer 175."


Na disputa pelo mercado americano, a Embraer enfrentará diretamente a canadense Bombardier, que vendeu em dezembro até 70 jatos concorrentes do E175 para a Delta. "Entendemos que estamos bem colocados com o E175", disse Silva. O E175 passou por um aprimoramento, que resultou na redução de 5% no consumo de combustível.


COLABOROU FERNANDO NAKAGAWA

Meta para 2013 é mais vendas do que entregas


A Embraer planeja retomar o crescimento de sua carteira de pedidos em 2013, interrompendo o processo de retração que ocorre desde 2009. "Em 2013, vamos ter de perseguir a meta de ter mais vendas que receitas", disse ontem o presidente da Embraer, Frederico Curado, em Davos, após participar de eventos do Fórum Econômico Mundial.


O executivo reconhece que o ano passado teve "um baixo volume de vendas", mas diz que isso não afetou o resultado financeiro da empresa. A carteira de pedidos da companhia encerrou o ano em US$ 12,5 bilhões. "Espero um número maior em 2013" disse Curado.


Em Davos, o presidente da Embraer também elogiou a intenção do governo federal de apoiar a aviação regional, tornada pública após o anúncio de um pacote de incentivos ao setor no último dia 20 de dezembro. "Esse pacote é muito bem-vindo não apenas para a Embraer, mas também para as companhias aéreas brasileiras e para o consumidor. Mais cidades terão serviços aéreos e haverá mais competição", afirmou Curado.


Copresidente da edição anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Curado avalia que a Embraer será "beneficiada indiretamente" pelo plano do governo que pretende respaldar o crescimento da aviação regional. Com o fomento a esse segmento, teoricamente, as empresas seriam mais motivadas a investir em aeronaves adequadas para rotas que atendam cidades do interior.


A mesma lógica vale para outras fabricantes de aeronaves, como a francesa ATR, que vende turboélices com capacidade comparável aos jatos da Embraer, e a canadense Bombardier, principal rival da brasileira nos contratos internacionais.


No Brasil, a ATR recebeu encomendas recentes de pelo menos duas empresas aéreas - a Azul e a Passaredo - para operação de rotas regionais.


Questionado sobre a entrada dos aviões da ATR no Brasil, Curado reconhece que a aeronave francesa pode ser boa para "rotas muito curtas, de 300 km a 400 km, e não com tantos passageiros".


Nesse segmento, o custo de operação do jato poderia comprometer a viabilidade econômica da rota.


"Mas, no caso dos jatos, espero ter 100% do mercado. Espero vencer a Bombardier em qualquer concorrência no Brasil", afirmou.


Colaborou M.G.

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