Atividade de vulcão na Islândia faz com que britânicos recomendem suspensões e restrinjam espaço aéreo do país
O Estado de SP
A nuvem de cinzas do vulcão islandês Grimsvotn - que se espalhava entre a Groenlândia e a Rússia ontem - causou o cancelamento de cerca de 500 voos na Europa. Milhares de passageiros foram prejudicados, enquanto algumas companhias aéreas criticaram as agências responsáveis pela segurança do setor, afirmando que as medidas preventivas teriam sido exageradas.
Nove empresas que operam a partir da Grã-Bretanha e da Irlanda anunciaram cancelamentos que afetaram pelo menos sete aeroportos da região. O British Met Office, escritório meteorológico britânico, alertava que as cinzas se espalhariam do norte da Escócia para todo o país ao longo do dia.
Segundo o instituto, no entanto, a situação deve melhorar hoje, pois a previsão é a de que a nuvem se dissipe.
O governo da Islândia afirmou ontem que a quantidade de partículas expelidas pelo Grimsvotn está diminuindo. De acordo com especialistas, os passageiros deverão ser poupados de uma paralisação aérea semelhante à do ano passado, quando a erupção do vulcão islandês Eyjafjallajökull provocou o cancelamento de milhares de voos, prejudicando milhões de pessoas.
Segundo o Met Office, havia uma "alta densidade" de cinzas na atmosfera ontem. Especialistas alertaram para o risco de que as partículas poderiam estilhaçar janelas ou até paralisar turbinas de aviões.
A companhia aérea irlandesa Ryanair, porém, contestou a informação do instituto meteorológico, afirmando que uma aeronave sem passageiro enviada pela empresa ao espaço aéreo escocês não encontrou sinais de cinzas na atmosfera.
"Exatamente como havíamos previsto, não encontramos absolutamente nenhum problema. Não há nuvem sobre a Escócia. Não há traços de cinzas na fuselagem ou nas asas. O espaço aéreo não deveria ter sido restringido", disse o diretor executivo da Ryanair, Michael O"Leary.
O espaço aéreo britânico não chegou a ser fechado ontem, mas algumas companhias preferiram não arriscar e seguiram as recomendações oficiais.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo também reclamou da atitude das autoridades britânicas, afirmando que o governo do país deveria ter realizados testes com pequenos aviões antes de recomendar os cancelamentos.
O problema também afetou a Suécia, onde dez voos domésticos acabaram cancelados. No dia anterior, a British Airways, que suspendeu 92 partidas, e a KLM, que registrou 42 cancelamentos, já haviam anunciado as medidas preventivas.
"Não temos razão para questionar o conselho oferecido pelas autoridades de aviação nesse momento. Precisamos aceitar o que os especialistas nessa área nos estão dizendo", afirmou Declan Kearney, porta-voz da companhia aérea irlandesa Air Lingus, que cancelou 22 voos.
Em Edimburgo, na Escócia, centenas de pessoas passaram a noite no aeroporto ou foram encaminhadas a hotéis. Os cancelamentos afetaram também o aeroporto de Aberdeen.
Autoridades alemãs disseram ontem que o espaço aéreo de cidades do norte do país será fechado na manhã de hoje. Os aeroportos mais afetados seriam os de Bremen e Hamburgo. Os de Berlim e Hannover funcionarão, mas com restrições. / AP