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Em Jundiaí, movimento de jatos triplica em cinco anos

Samantha Maia | Valor
De Jundiaí
 
Sala de embarque e desembarque vazia. Poucos carros passando pelas ruas que ligam os hangares e movimento pequeno de funcionários. O ambiente vazio, proporcionado pela descentralização dos passageiros em diversos hangares, esconde a transformação do Aeroporto Comandante Rolim Adolfo Amaro, em Jundiaí, a 67 quilômetros da capital paulista. O local é hoje um dos principais destinos da aviação executiva na Grande São Paulo, com cerca de 6 mil pousos e decolagens por mês.

 
O número ainda pode ser pequeno se comparado com o de Congonhas, que registra aproximadamente 18 mil pousos e decolagens mensais, mas o trânsito de aviões no aeroporto de Jundiaí triplicou nos últimos cinco anos.


Enquanto em 2005 foram 25 mil pousos e decolagens, em 2010 o número subiu para cerca de 78 mil. Na mesma comparação, o número de aeronaves que pousaram e decolaram em Congonhas caiu de 228 mil para 205 mil, considerando aviação executiva e comercial. No Campo de Marte, na capital paulista, exclusivo da aviação executiva, a movimentação de aeronaves cresceu 45% em igual comparação, chegando a 123 mil pousos e decolagens em 2010.

 
A saturação dos grandes aeroportos de São Paulo, como Congonhas e Guarulhos, foi a maior indutora desse crescimento na cidade do interior. O aumento do uso de aviões particulares e da demanda por manutenção das aeronaves levou empresas do ramo para Jundiaí. O espaço, porém, já está prestes a se esgotar e as companhias começam a procurar alternativas.

 
"Atraímos as empresas porque tínhamos lugar para a construção de hangares. Mas hoje só temos mais um espaço, que deve ser licitado em breve, que comporta em média quatro a cinco aviões", diz Ricardo Volpi, superintendente do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), órgão que administra o aeroporto. O número de hangares em Jundiaí - que são as empresas que oferecem garagem e manutenção para as aeronaves - passou de 19 em 2006 para 25 em 2011.

 
Manuel Navaro, sócio-gerente da metalúrgica Plasinco, de Várzea Paulista (SP), conta que utiliza o aeroporto pelo menos uma vez por mês a negócios. Até agora, a empresa aluga helicópteros ou monomotores, mas a expectativa é adquirir uma aeronave própria caso o crescimento da empresa exija mais deslocamento dos executivos. "Não tem comparação com o voo comercial. Aqui a gente chega na hora do voo e tem segurança de que não vai atrasar, sem falar do conforto", diz ele.

 
O comandante Flávio Estiphan, que trabalha como piloto para executivos de um grupo do setor de energia, conta que foi de quatro anos para cá que começaram a usar o aeroporto com mais frequência. Hoje Jundiaí é destino de 40% dos voos do grupo para São Paulo. "Começamos a usar esse aeroporto porque estávamos com dificuldade de utilizar Congonhas, onde o nosso limite de uso é de duas movimentações por dia", diz.

 
Apesar de mais distante do centro de São Paulo, segundo Estiphan, Jundiaí é a melhor opção para os executivos diante dos frequentes atrasos e cancelamentos de voos na aviação comercial. "A tendência é usarmos cada vez mais o aeroporto de Jundiaí."

 
A Colt Aviation começou a operar em Jundiaí em agosto do ano passado com garagem e atendimento de voos particulares. A empresa aguarda para os próximos três meses autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para iniciar o trabalho de manutenção de aeronaves, que é o foco da empresa lá. "Já trabalhamos em Congonhas há seis anos com táxi aéreo, e começamos a ter muita procura para manutenção de aeronave de terceiros, mas não era possível expandir por falta de espaço", conta Alexandre Eckmann, sócio-presidente da Colt Aviation.

 
O hangar concedido à Colt Aviation por 34 anos pelo Daesp terá capacidade para fazer a manutenção de cerca de dez aeronaves por dia da linha Learjet. A empresa investiu R$ 1 milhão para equipar o espaço. "O tempo é sempre bom no aeroporto de Jundiaí, sem neblina, e podemos operar 24 horas", diz Eckmann sobre as vantagens do local. Segundo ele, a empresa estava há três anos tentando obter uma concessão no aeroporto.

 
Para permitir o aumento da utilização do local, o Daesp investiu R$ 4,5 milhões de 2008 a março deste ano em obras como a construção de torre de controle, pavimentação do pátio de aeronaves e substituição do farol rotativo. Em 2011 ainda serão investidos mais R$ 1,8 milhão. Segundo Ricardo Volpi, mesmo com o aumento da movimentação, a administração do aeroporto não é lucrativa. "A construção da torre de controle foi necessária para o aumento do número de pousos e decolagens, mas é um serviço terceirizado e caro", diz. O Daesp não abre os números de gastos e receitas por aeroporto.

 
A TAM Aviação Executiva (TAM AE) deixou em 2004 o aeroporto de Congonhas e transferiu suas atividades para Jundiaí. A mudança permitiu que a empresa aumentasse o atendimento com manutenção de 20 aeronaves por dia para 60, segundo o gerente-geral da empresa, Roberto Fajardo. A empresa, explica, estava em busca de alternativas devido à saturação de Congonhas. "Tínhamos uma demanda maior e não conseguíamos atender em São Paulo", diz. A empresa escolheu Jundiaí por haver um plano estadual de melhoria da estrutura do aeroporto e hoje possui o maior hangar no local.

 
Segundo eles, o aumento do movimento no aeroporto se acentuou a partir de 2007, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) restringiu o número de voos em Congonhas. "Também notamos um aumento no uso de aeronaves particulares por executivos, não sei se por causa do desenvolvimento econômico, ou pelas dificuldades das linhas regulares suprirem o mercado", diz Fajardo.

 
O crescimento da demanda por manutenção e garagem de aviões executivos fez com que a companhia expandisse seus planos além de São Paulo e chegasse a Minas Gerais, Brasília e Ceará. Em Belo Horizonte (MG), no aeroporto de Pampulha, as atividades da TAM AE já começaram com capacidade de atender sete aeronaves por dia.

 
Em Brasília, a empresa começará em breve a realizar apenas atendimento dos voos particulares, sem garagem, para suprir a demanda de quem passa pela cidade. Em Fortaleza (CE), ela deve começar a operar no fim de 2012 para atender os clientes do Norte e Nordeste com serviço semelhante ao de Jundiaí e atendimento de 50 aeronaves por dia.

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