Para ser listada na bolsa, a estatal Infraero passará por um processo de fortalecimento
Simone Cavalcanti - Brasil Econômico
A abertura de capital da Infraero se mantém no horizonte do governo federal dentro de um novo desenho para o sistema aeroviário. Segundo a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, há estudos no sentido de fazer uma mistura entre o lançamento de ações da estatal no mercado e uma série de concessões para a construção e exploração de terminais de passageiros pelo setor privado. No entanto, para listar a estatal em Bolsa, disse a ministra, a Infraero passará por um processo de fortalecimento. “Tudo isso está em estudo. Vamos ver como se compõem as coisas para tornar o sistema mais eficiente.”
Nos últimos anos, afirmou, os investimentos feitos nos aeroportos de todo país andaram menos do que o governo gostaria. “Justamente, por causa disso, é que a presidente Dilma Rousseff resolveu criar a Secretaria de Aviação Civil”, disse ao participar de painel durante Seminário Brasil em Perspectiva Infraestrutura de Transporte promovido pelo Brasil Econômico com apoio dos jornais Diário Económico e Expansión.
A ministra afirmou que, com base em um estudo contratado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo já tem em mãos algumas indicações sobre as medidas que precisam ser adotadas em relação à Infraero.
Em avaliações internas, técnicos do governo afirmam que não estão abrindo mão da estatal, mas que a empresa está sendo realocada para receber uma atenção mais específica. Paralelamente as concessões estão sendo discutidas. Segundo fontes, com a criação da Secretaria de Aviação Civil a mensagem que a chefia (leia-se Dilma Rousseff) quis passar foi a seguinte: “Infraero vou te ajudar, mas, em paralelo, vou colocar alguém para te provocar. Vou criar alternativas de investimento”. A estatal, bem como seu orçamento, já foi transferida do Ministério da Defesa para a nova gestora
BNDES na aviação
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve entrar para financiar os investidores interessados nas concessões dos aeroportos brasileiros. “Assim que sair, estamos pensando em financiar mais o setor aéreo”, disse Adely Maria Branquinho das Dores, chefe do Departamento de Transportes e Logística da Área de Infraestrutura do banco estatal. Ela deu como exemplo o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, a mais nova concessão nessa área. Nesse caso, o setor privado será responsável pela construção do terminal e a exploração de sua área comercial e pode receber recursos do BNDES. No entanto, a despeito de todos os planos para o setor, os investimentos em aeroportos sempre serão muito menores na comparação com as rodovias. “Temos 55 mil quilômetros de rodovias no país e o número de aeroportos é muito menor, essa comparação não é razoável”.