Empreiteiras e grupos estrangeiros têm interesse. Infraero ficaria fora do Galeão
 

Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht estariam de olho na concessão dos aeroportos

Danielle Nogueira, Chico de Gois, Fábio Fabrini e Geralda Doca - O Globo

 
Grandes empreiteiras nacionais e empresas internacionais com tradição em gestão de aeroportos são as mais cotadas na disputa pelos terminais que serão concedidos à iniciativa privada pelo governo Dilma Rousseff. 


Antecipando-se à decisão oficial, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht criaram joint-ventures ou subsidiárias com este fim. E vários grupos estrangeiros que mantiveram conversas com o Palácio do Planalto demonstraram forte disposição de participar das licitações dos cinco principais aeroportos do país - Cumbica (Guarulhos-SP), Viracopos (Campinas-SP), Brasília, Galeão e Confins (Belo Horizonte). Correndo por fora, estão as aéreas nacionais: todas as grandes já trocaram informações com o governo e sinalizaram interesse nas concessões.
 
Quem saiu na frente foi a Camargo Corrêa. Em 2008, a construtora se associou à suíça Flughafen Zürich AG, que opera o Aeroporto de Zurique (Suíça), e à chilena Gestión e Igeniería para criar a A-port. O objetivo era avançar sobre a construção e gestão de aeroportos na América Latina. A joint-venture já assumiu a operação de nove aeroportos em Chile, Honduras, Colômbia e Curaçao. No Brasil, a empreiteira gerencia o estacionamento do Aeroporto de Congonhas.

 
Também no páreo, grupos estrangeiros
 

No exterior, a Andrade Gutierrez participa dos consórcios que operam os aeroportos de Quito (Equador), e San José (Costa Rica). A empreiteira também já manifestou publicamente interesse na concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), apontado como laboratório para o modelo.
 
Procuradas, as duas empresas não comentaram o assunto. Odebrecht tampouco se manifestou, mas vem sinalizando interesse pelo setor. No ano passado, criou a subsidiária Odebrecht TransPort, para explorar concessões em aeroportos, rodovias, portos e transporte urbano (metrô). Tem ainda vasta experiência na construção. Até agora, foram 33 aeroportos no Brasil e no exterior, entre eles o de Miami.

 
Segundo uma fonte do setor, as três empreiteiras estão dispostas a investir, mas avaliam que, para que o negócio seja rentável, o prazo de concessão deveria ser de 30 anos e não 25, como prevê o governo.

 
Entre os grupos internacionais, a alemã Fraport é uma das mais interessadas. Semana passada, representantes da empresa bateram às portas do Palácio. Além dela, só na Europa, há quatro grandes grupos de referência: Aéroport de Paris-ADP (França), British Airport Authority-BAA (Reino Unido), Aeropuertos Espanõles y Navegación Aérea-Aena (Espanha) e Brussels (Bélgica). 


Todas estão ávidas por novos mercados, já que suas áreas de atuação são consideradas maduras.
 
No caso das aéreas, o interesse é tão grande que a participação delas poderá ser elevada à fatia máxima, e não limitada a 10%, como em São Gonçalo do Amarante. A administração total poderá até ser liberada, como ocorre em EUA e Europa. Uma fonte lembrou que a American Airlines é responsável pelo aeroporto de Miami, enquanto a Delta domina o de Atlanta, nos EUA.

A participação de aéreas estrangeiras nas licitações brasileiras ainda não foi avaliada. O Galeão é um dos aeroportos mais atrativos.

 
- Nos últimos dois anos, temos sido procurados por administradores da França, da Alemanha, da Espanha e por empresas nacionais. Há um enorme interesse - disse o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.

 
O governo federal também deverá permitir a licitação em bloco dos aeroportos. Ou seja, se um consórcio tiver interesse em três unidades simultaneamente, poderá fazer uma oferta em pacote. O Planalto ainda não discutiu a questão do financiamento, mas, em princípio, não quer colocar dinheiro do BNDES nas intervenções nas áreas concedidas. Porém, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) são céticos quanto às promessa de agilidade do governo.

 
Em São Gonçalo do Amarante, por exemplo, a Casa Civil levou seis meses para publicar o decreto com o modelo a ser adotado, primeiro passo do cronograma.

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