Flávio Freire - O Globo

SÃO PAULO. Buscando apoio do empresariado paulista para as Olimpíadas de 2016, em uma reunião com 200 executivos na manhã desta terça-feira, na capital paulistana, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, destacou a boa relação política com o governo estadual, deixou claro que a prefeitura está em situação financeira favorável e anunciou que abrirá espaço para o setor público investir na construção do parque olímpico, na Zona Oeste da cidade. Depois de reclamar da infra-estrutura aeroviária da cidade, classificando o aeroporto do Galeão de "rodoviária de quinta categoria mal cuidada", o prefeito disse esperar uma participação efetiva dos empresários nas obras do principal complexo olímpico da cidade.

- Aquela (área) é uma propriedade do prefeitura do Rio com um valor imobiliário muito grande. Conseguimos no pacote olímpico uma autorização para alienar aquele imovel. Vamos, provavelmente, fazer chamada pública para PPP. Estamos esperando o (Henrique) Meirelles assumir sua função de representante do governo federal nas Olimpíadas para discutir isso. É uma responsabilidade do governo federal, mas se a prefeitura tem condições de oferecer um ativo que economize o governo federal, é uma boa notícia. A gente só precisa saber que se trata de operação que tem um grau de risco. Portanto, é importante que a gente não perca de vista a oportunidade de fazer com recursos públicos, mas uma parte importante do parque olímpico poderá ser pago com reursos privados _ disse, durante seminário promovido pelo LIDE, grupo que reúne empresários que representam 46% do PIB nacional.

Para animar os empresários, o prefeito fez auto-propaganda de sua gestão.

- O último problema da prefeitura do Rio é dinheiro.

Ainda aos convidados, entre eles Olavo Monteiro de Carvalho, David Barione e Norberto Birmann, o prefeito disse que as Olímpiadas têm de deixar um legado urbano para o Rio. Com uma piada politicamente incorreta, a qual pareceu não ter reverberado entre os empresários, ele disparou:

- O que importa para a prefeitura é o legado urbano que a Olimpíada vai deixar. Eu não estou nem aí para o piso do local onde o cara vai correr os 100 metros rasos, o importante é a infra-estrutura que vamos ter depois do evento - disse ele, argumentando segundos depois que o desinteresse com a situação dos atletas era apenas uma brincadeira.

Em outra parte da palestra, Paes chegou a por em xeque a fama "relaxada" dos cariocas".

- O carioca tem muito o que aprender. O carioca tem aquela coisa relaxada, mas que tem que ser usada como instrumento de atração. Não dá para as pessoas chegarem na cidade, achar todo mundo simpático, mas dizer depois que não dá para trabalhar aqui _ disse ele, arrancando risos da plateia.

Com o fantasma dos jogos panamericanos, que tiveram orçamento estourado, Eduardo Paes disse que apenas divulgará o valor que será gasto para a realização das Olimpíadas quando estiver fechado.

- A melhor coisa para evitar estouro de orçamento e divulgá-lo quando estiver fechado. Obra da prefeitura do Rio de Janeiro só tem seu preço divulgado no dia em que estiver o projeto executivo fechado, é bom lembrar que na origem se trabalha com estimativas, só depois se tem o concreto.

Sobre críticas do presidente da FIFA, Joseph Blatter, que reclamou dos atrasos de obras de infra-estrutura e a construção de estádios no Rio para a Copa do Mundo, Paes não se estendeu na polêmica.

- É uma mudança repentina do Blatter, que até ontem estava achando tudo ótimo. Não sei até quanto isso tem a ver com problemas políticos internos.

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