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Aprovado, com restrições

Apesar de a Anac ter divulgado que o aeroporto internacional de Brasília é o mais eficiente do país, passageiros e funcionários reclamam de desconforto, falta de estacionamento, falhas no serviço de táxi e preços abusivos

Antonio Temóteo

Especial para o Correio Braziliense

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou na última segunda-feira um levantamento que aponta o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, como o mais eficiente do país. A pesquisa, no entanto, se limitou ao desempenho financeiro do terminal aeroviário, sem levar em consideração a qualidade dos serviços prestados aos passageiros. O Correio foi ontem ao local e conversou com usuários das instalações, que apontaram problemas nas salas de embarque e de desembarque, nos estacionamentos, nos serviços de táxi e nos preços cobrados nas lanchonetes e nas lojas.

Em média, 38 mil passageiros embarcam e desembarcam nos 424 voos diários no aeroporto JK. Em 2010, 14.149.306 pessoas passaram pelo terminal aéreo. Entre eles, o servidor público Eduardo Izycki, 28 anos, que é curitibano e mora no Sudoeste há 2 anos. Izycki viaja com frequência para São Paulo e a Curitiba e considera o estacionamento do terminal candango um dos serviços adicionais mais problemáticos. Ele avalia que, além de não ter uma cobertura para proteger a pintura dos veículos do sol e da chuva, o local não é tão seguro. Durante uma viagem a trabalho, o pneu reserva do carro foi roubado. “Sempre confiro se o pneu está no lugar. Quando cheguei não estava lá. Demorou, mas me reembolsaram. Atualmente, deixo o carro em casa e venho de táxi”, relembrou.

Izycki também considera que as salas de embarque deixam a desejar, principalmente o novo “puxadinho”. Além disso, reclama da desorganização do serviço de táxi. “O lugar é quente, não tem cadeiras suficientes para todos os passageiros e falta uma lanchonete decente. O ponto de táxi não tem uma fila. As pessoas não sabem o que fazer”, completou.

O empresário paulista Evandro Eduardo Alves, 39 anos, esteve em Brasília para cumprir uma agenda de negócios e voltou ontem para Marília (SP). Alves acredita que o aeroporto de Brasília é bom quando comparado a terminais como o de Garulhos (SP). Mas ele faz algumas ressalvas, como os problemas de fila no ponto de táxi e a falta de conforto nas salas de embarque. “Prefiro ficar aqui fora até a hora de embarcar do que ficar sentado nas cadeiras sem um encosto para a cabeça. O corpo não aguenta. Já que o desconforto é o mesmo, pelo menos a vista é interessante”, ressaltou.

Na opinião de Alves, as taxas de embarque deveriam ser revertidas em melhorias para as instalações dos aeroportos. O empresário também reclama dos preços abusivos praticados pelas lanchonetes e pelas lojas. “É uma vergonha um café chegar a custar R$ 6. Fui olhar o preço de uma lembrancinha para o meu filho e fiquei assustado. Falta concorrência”, lamentou.

Desconforto
 
Quem também reclama do desconforto nas salas de embarque é a empresária Isis Machado, 52 anos. Ela mora em Campo Grande (MS) e vem a Brasília pelo menos duas vezes ao ano para visitar os familiares. Na avaliação de Isis, o maior problema do terminal aéreo candango está na falta de assentos no salão de embarque. “O espaço é muito quente. Precisa trocar o sistema de ventilação. Também creio que o número de assentos é insuficiente para a quantidade de usuários que passam pelo local. Sempre fico em pé ou espremida em uma cadeira desconfortável”, comentou.

O representante comercial João Helou, 54 anos, mora em São Paulo e mensalmente visita a negócios Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília. Na avaliação dele, entre os três destinos, o aeroporto JK é atualmente o que melhor se adapta ao volume de passageiros que recebe. Entretanto, ele vê falhas na qualidade dos assentos. “As cadeiras são muito pequenas e sem conforto. Pelas taxas que o brasileiro paga, o serviço deveria ser bem melhor”, destacou.
 
Investimentos
 

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), empresa pública responsável pela administração dos aeroportos do país, iniciou algumas ações para modernizar as instalações do terminal aeroviário de Brasília. Até agora, houve apenas o fechamento dos forros das áreas operacionais e de segurança. No último dia 5, foi aberta a licitação da primeira etapa das obras de reforma, que incluirão a ampliação das salas de embarque da ala norte e da rampa de acesso, instalação de equipamentos para passageiros em conexão e construção de sanitários na ala sul. Essa obra tem previsão de iniciar até maio de 2011, com um investimento de cerca de R$ 6 milhões.
 
A segunda etapa deverá começar no segundo semestre de 2011, com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2013. Será feita a ampliação do terminal de passageiros em cerca de 160 mil metros quadrados, com novo viaduto de acesso, novas salas de embarque e de desembarque e mais balcões de check-in. Além disso, mais elevadores, escadas rolantes e sistema automatizado de bagagens serão construídos. Os investimentos na ampliação são de aproximadamente R$ 744,4 milhões.

 
Índice
 

As metas de eficiência para os aeroportos brasileiros foram estabelecidas com base no indicador internacional Work Load Units (WLU). Elaborado anualmente, o índice divide o número de embarques e desembarques e o volume de cargas pelos custos do aeroporto, operacionais e administrativos dos terminais aéreos. Segundo a Anac, todos os aeroportos do Brasil precisam melhorar o desempenho.
 
Reclamações
 

O Juizado do Aeroporto registrou no primeiro mês do ano 870 demandas. Desse total, 449 se resumiram em pedidos de informações e 72 resultaram em acordos. Apenas 22% dos casos foram encaminhados para julgamento no 7º Juizado Especial Cível de Brasília, cabendo ao juiz solucionar o conflito. O maior número de reclamações está relacionado a atrasos nos voos, perda e extravio de bagagem, problemas no check-in e overbooking. O número de desistências também se destacou. De todas as ocorrências registradas pelo Juizado Especial, 18% tiveram a desistência das partes que moveram a ação. Entre as companhias aéreas, a TAM reuniu mais da metade das reclamações, com 445 casos. Em seguida, vieram a Webjet (214), a Gol (97) e a Avianca (31). A TAP teve 20 casos de reclamações, e a Delta Airline, 16. As demais empresas reuniram um total de 43 queixas.

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