Expansão, puxada pelo crescimento econômico, foi a maior em dez anos
 

Flávia Barbosa - O Globo
 
BRASÍLIA e RIO. O Brasil viveu uma verdadeira invasão dos aeroportos em 2010. De carona no aumento dos salários, na expansão da classe C e no acirramento da concorrência, o número de passageiros transportados pelas companhias aéreas nacionais aumentou 23,47% entre janeiro e dezembro, sobre o mesmo período de 2009. Foi o melhor desempenho em dez anos, três vezes superior ao ritmo de crescimento de 2008 - quando a atividade econômica foi igualmente acelerada.

 
O balanço da demanda pelo transporte aéreo em 2010 foi divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nas linhas internacionais o tráfego cresceu 20,38%. Desde 2006, a conexão com o exterior só teve um desempenho percentualmente melhor em 2008, com alta de 25,7% - mas isso após uma queda de 5,1% no ano anterior.

 
A Polícia Federal informou ontem que, em 2010, emitiu 1.587.662 passaportes - cerca de 440 mil, ou 38,8% a mais que em 2009. No Rio, a demanda foi tão grande que a estrutura não deu conta, e a PF passou a atender a partir das 4h no Galeão.

 
A Anac apresenta apenas números absolutos de passageiros transportados por quilômetro voado. Pelos números de embarques e desembarques computados pela Infraero, mais de 70 milhões de passageiros voaram em 2010 - foram 69,8 milhões de janeiro a novembro.

 
- Tivemos em 2010 os melhores números domésticos em dez anos. Se pegarmos mês a mês e fizermos esta série histórica, todos os meses do ano passado tiveram registros melhores do que os dos mesmos meses entre 2005 e 2009 - disse Allemander Pereira, consultor do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).

 
Negociações salariais do setor avançam
 

As companhias, segundo ele, identificam uma combinação favorável de fatores:

- A economia cresceu muito, aumentou a renda média, colhemos o efeito da ascensão de 30 milhões de pessoas à classe C, com seus benefícios sobre o turismo e as viagens pessoais, e tivemos custo menor nos principais insumos, com câmbio na casa de R$1,70 e o petróleo com cotação inferior à de 2002.

 
Outro fator de estímulo é a descentralização dos benefícios do crescimento e da mobilidade social. Segundo as empresas, houve aquecimento nas cidades médias, o que incentivou o tráfego entre as regiões e as capitais. Uma das evidências foi o crescimento de 103,53% no número de passageiros transportados pela Azul. A competidora mais nova do setor - ganhou os ares no fim de 2008 - alcançou fatia de 6,05% do mercado e se firmou como terceira empresa do país.

 
O grupo TAM (que inclui Pantanal) continuou líder de mercado, com 42,81% de participação, seguido pela Gol/Varig, com 39,51%. A Webjet, com 5,87%, ficou em quarto no ranking. 


O rápido crescimento, porém, torna visíveis os gargalos do setor, que padece com mão de obra insuficiente, aeroportos velhos e defasados e parcos investimentos, geridos por uma Infraero cheia de problemas de gestão.
 
- A estrutura dos aeroportos é um grande limitador - disse Allemander.


As empresas aéreas e os sindicatos de aeronautas e aeroviários esperam chegar a um acordo nas negociações salariais na próxima reunião marcada para segunda-feira. Na reunião realizada ontem, o Snea ofereceu 8,2% de reajuste para todas as categorias e 8,5% de aumento do piso.

 
- Acredito que estamos perto de um acordo - disse o diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Francisco de Assis.


Colaboraram Jailton de Carvalho e Ramona Ordoñez

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