Jornal do Brasil
A situação dos aeroviários – que ameaçam parar a partir de hoje, transformando mais ainda em um inferno a vida de quem queira ou precise viajar no Natal – é apenas mais um capítulo na situação absurda da aviação civil brasileira. A atuação do governo no setor está, seguramente, está entre os três piores desempenhos do presidente Lula e sua equipe.
Basta acompanhar diariamente os jornais para que se perceba: qualquer alteração na rotina do movimento dos aeroportos vira notícia, por causa dos problemas que, já se sabe, virão. Feriado chegando: ameaça de crise aérea. Atrasou um voo: ameaça de crise aérea. Choveu em São Paulo: ameaça de crise aérea.
Estudo da Infraero mostra que os aeroportos da país estão prontos a trabalhar com um um público anual de cerca de Marketing & Negócios Marcos Vargas Marcelo Migliaccio 115 milhões de passageiros. Mas a estabilidade econômica e a inclusão de milhares de novos consumidores no mercado fizeram com que o número real de usuários dos voos tenha chegado a 150 milhões. Se o aumento da capacidade de atendimento em 2010 foi próximo de zero, não dá para contrariar Voz dos leitores Aviação civil do país é ‘case’ de incompetência Sociedade Aberta Conselho Editorial a matemática.
A situação é surreal na medida em que o público – gente que sonhou o ano inteiro com um passeio, gente que perde dinheiro no trabalho com atraso, gente doente que aumenta seu sofrimento pela demora em chegar ao destino – não consegue distinguir os culpados e ataca os funcionários das empresas – que trabalham no limete da sobrecarga. Quando se fez a investigação após o acidente com o avião da Gol, em Congonhas, verificou-se, entre outras coisas, que um controlador de voo, que deveria tomar conta de dez movimentos de aeronaves, estava controlando vinte. Ou seja: ainda temos de agradecer aos céus pelo fato de o caos não ser pior.
Antes que os arautos das privatizações bradem pela entrega dos aeroportos à iniciativa privada, é preciso lembrar que dificilmente nela vão ser encontrados profissionais habilitados para comandar processos intrincados como os que o Infraero tem sob responsabilidade. Não foi preciso privatizar a segurança do Rio para criar as UPPs. O governo precisa, no setor aéreo, é de mais investimento e de mais competência.