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Passageiros fisgados pelo estômago

Depois de cobrar pelas refeições a bordo, companhias aéreas agora prometem, em troca, sanduíches e coquetéis menos insípidos

Jane L. Levere/ - O Estado de S.Paulo
NEW YORK TIMES
 
Os insípidos sanduíches vendidos por empresas aéreas para passageiros da classe econômica estão com os dias contados. No momento em que a última grande companhia aérea, a Continental Airlines, está acabando com as refeições gratuitas para a classe econômica em voos domésticos, as demais empresas de aviação estão mudando toda a sua abordagem da alimentação.
 
A Air Canada, por exemplo, introduziu opções de comidas saudáveis, como sanduíches vegetarianos e parfaits (sobremesa gelada) de iogurte, e a Alaska Airlines tem um novo salgadinho saudável. A American Airlines está trabalhando com a rede de lanchonete Boston Market e a JetBlue está prestes a começar a vender comida em alguns voos de longo alcance. Outras companhias devem, ainda, oferecer refeições combinadas e outras promoções similares às disponíveis em restaurantes de fast-food.

A United Airlines, por sua vez, está testando novos produtos vendidos em voos domésticos e uma diversidade de sanduíches em suas salas de espera Red Carpet no Aeroporto O"Hare, de Chicago, e no Aeroporto Internacional de Los Angeles. Até o fim deste ano, a companhia permitirá, ainda, que os passageiros encomendem com antecedência os lanches que consumirão no voo.

As novas ofertas são, em grande parte, o resultado de medidas de economia no serviço de bordo. Kevin Jackson, diretor administrativo de marketing de consumo da US Airways, afirma que, quando as companhias ofereciam as refeições de graça "a intenção era minimizar custos". Agora que a maioria das empresas está vendendo os lanches, há um incentivo extra para "oferecer melhores opções e mais qualidade aos passageiros".

Além disso, as companhias estão competindo com novos restaurantes e empresas de comida pronta para viagem instalados nos aeroportos. Executivos da HMSHost e da OTG Management, que operam empresas de alimentação nos terminais, dizem que as vendas prosperam e que as opções de alimentos para viagem - como a Wolfgang Puck Gourmet Express, a Cibo Express e os quiosques da California Pizza Kitchen - aumentam, particularmente, desde o fim dos lanches gratuitos na maioria dos voos domésticos.

Com tantas opções novas nos aeroportos, a maioria dos viajantes tem decidido levar a própria comida. Uma pesquisa realizada pela consultoria Forrester Research no quarto trimestre de 2009 revelou que 19% dos passageiros que viajaram a lazer no último ano levaram o próprio lanche para dentro do avião. Já um estudo da Zagat Survey mostra que só 6% dos viajantes compram comida a bordo se não existir a opção gratuita - mas 56% compram algo no aeroporto.

Pouco lucrativo

. A venda de comida a bordo não chega a ser uma grande fonte de lucro para as companhias aéreas. Tom Douramakos, presidente da empresa GuestLogix - que fabrica aparelhos portáteis e softwares de vendas para a maioria das empresas aéreas norte-americanas -, diz que um lanche de US$ 10 a bordo se reverte em apenas 5 ou 10 centavos de dólar de lucro. Já a rentabilidade sobre as vendas de bebidas alcoólicas pode alcançar até 80% para um drinque de US$ 10.

Isso pode explicar a oferta crescente de coquetéis especiais a bordo. Entre eles estão o absinto e o drinque Sprite da Virgin America, os coquetéis Mai Tai em voos havaianos da United Airlines, e o martini de romã servido pela Delta Air Lines e a US Airways. As empresas continuam oferecendo bebidas não alcoólicas de graça na maior parte de seus voos.

A maioria das companhias americanas de aviação parou de servir refeições gratuitas na classe econômica de voos domésticos depois que os ataques terroristas de 11 de Setembro afetaram profundamente seus lucros. No esforço para buscar novas maneiras de gerar receita e cortar custos, a comida foi uma das primeiras coisas que as empresas examinaram.

O vice-presidente de marketing da Continental, Jim Compton, espera que a o serviço de venda de refeições durante os voos adicione cerca de US$ 35 milhões por ano aos resultados da companhia.
 
Segundo o analista de viagens da Forrester Research, Henry H. Harteveldt, a maior parte do lucro virá justamente da eliminação dos custos do serviço de bordo gratuito.

A adoção pelas companhias do equipamento da GuestLogix, usado por comissários de bordo para as vendas de comida e bebida com cartão de crédito e para controlar estoques, torna o processo mais fácil tanto para a empresa como para os passageiros. A companhia aérea pode monitorar a popularidade dos produtos que comercializa e usar essas informações para a provisão dos voos. Ao mesmo tempo, os viajantes não precisam revirar os bolsos procurando moedas e ainda conseguem receber recibos de despesa pelas compras.

Descontos.

Douramakos acredita que a tecnologia da GuestLogix permitirá ainda que as companhias ofereçam mais refeições no estilo combo, incluindo uma bebida, salgado e sanduíche ou salada (uma opção já disponível na Air Canadá).

Ele prevê também que as empresas passarão a distribuir cupons junto com lanches e bebidas oferecidos a bordo. Esses tíquetes poderão dar descontos em futuras compras, como em itens que foram pouco vendidos durante o voo, por exemplo. A tecnologia, afirma, permitirá que as companhias operem sob a mesma lógica dos gestores de restaurantes. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK

Cardápio diferenciado

A Air Canada passou a oferecer opções de comida saudável aos passageiros, como sanduíches vegetarianos

Na American Airlines, o viajante pode comprar lanches fabricados pela rede de fast-food Boston Market

Absinto e coquetel Sprite são as bebidas alcoólicas que passaram a ser vendidas nas aeronaves da Virgin America

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