Pular para o conteúdo principal

Embraer já sente lenta recuperação das vendas

Virgínia Silveira, para o Valor, de São Paulo

A Embraer já começou a sentir um movimento crescente, embora ainda tímido, de venda de aeronaves no mundo, o que sinaliza uma recuperação gradual do mercado, depois de quase dois anos de retração. "Percebemos um maior interesse de algumas companhias aéreas em comprar novos aviões ou de exercer opções de compra. Os números não são expressivos, mas importantes, porque representa a oportunidade de a empresa diversificar a sua atuação em novos mercados", diz o vice presidente executivo Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer, Luiz Carlos Aguiar.
 
Para não perder de vista as novas oportunidades de negócios, que começam a surgir em regiões como a Ásia, América do Sul e em alguns países da Europa, a empresa decidiu focar a estratégia de gestão em 2010 em vendas. "Este ano mudamos o foco da nossa estratégia, que em 2009 estava fortemente concentrada na proteção financeira do caixa, sem perder o olhar para o futuro e o foco no desenvolvimento de produtos e de tecnologia".

A mudança de estratégia, segundo o executivo, aconteceu porque em 2009 o fim da crise era uma realidade mais distante. "As ações da empresa hoje não podem ser as mesmas do ano passado, a partir do momento que você tem um cenário diferente, com uma retomada um pouco mais firme das encomendas de aeronaves". Segundo Aguiar, o simples fato de existir uma demanda novamente, mesmo que ela não esteja nos mesmos níveis de 2007 e 2008, já deu um ânimo grande à força de vendas da empresa.

Aguiar diz que, apesar de ainda existir escassez de crédito no mercado para financiamento de aviões, a situação hoje nessa área também está melhor que em 2009. "Temos conseguido controlar bem esse problema e todas as nossas entregas em 2009 foram financiadas. O BNDES, que até o ano passado apoiou 35% das operações de exportação, este ano terá participação ainda maior nos negócios da companhia."

"O apoio do BNDES deve aumentar para 65% e 35% virá do mercado privado. Para 2011 esperamos uma melhora e já estamos sendo procurados por instituições financeiras privadas, com interesse em nossos aviões novamente", explicou. Outro indicador positivo para a empresa este ano, segundo o executivo, é que não houve mais nenhum registro de adiamento de entregas de aeronaves ou cancelamento de encomendas.

Em 2009, a empresa vendeu 22 jatos comerciais, sua média de vendas em um mês em tempos de vacas gordas, mas para 2010 a expectativa é de que esse número seja superado. A confirmação da previsão veio na semana passada com o fechamento do contrato de venda de 17 aeronaves do modelo 190 para a Austral Líneas Aéreas, da Argentina. "Com isso o nosso backlog [pedidos em carteira} voltou aos patamares anteriores, de US$ 16,5 bilhões, o que nos deixou estáveis nesse primeiro trimestre."

A empresa também observa uma mudança significativa das suas vendas por região. A América do Norte, que em 2009 respondia por 43% das suas vendas, caiu para 23% e o Brasil subiu de 4% para 11%. Na Europa também houve um crescimento importante de 18% para 32%.

Em termos de entregas, a aviação executiva cresceu de 3% para 14% do total. A receita com a venda de aeronaves executivas também registrou incremento, passando de 4% em 2008 para 6% em 2009. "Em seis anos construímos um negócio de US$ 1 bilhão. Começamos com um avião em 2004 e chegaremos em 2013 com sete", disse Aguiar.

Os níveis de produção programados para 2010 serão praticamente os mesmos de 2009 e não existe previsão de redução drástica dos pedidos aos fornecedores. A Embraer já conseguiu reduzir em US$ 500 milhões os estoques, que atingiram nível considerado satisfatório, na casa dos US$ 2,2 bilhões.

Aguiar garante ainda que o número atual de funcionários, em torno de 16,8 mil, será mantido e que a empresa não tem um plano de novas demissões em massa. "Embora as nossas expectativas de vendas sejam mais otimistas para 2010, isso não implicará em contratações. Na Embraer o que a gente vende hoje só começa a produzir e a entregar no ano seguinte".

Os investimentos da empresa em novos produtos, segundo Aguiar, ainda não incluem aviões de maior porte, acima de 120 lugares. A Embraer, de acordo com o executivo, está ouvindo seus clientes para saber que tipo de avião eles querem. "Vamos desenvolver algo que venha agregar valor ao que a gente já está fazendo. Não temos a intenção de copiar e nem de imitar ninguém", afirmou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul