Virgínia Silveira, para o Valor, de São Paulo
A mudança de estratégia, segundo o executivo, aconteceu porque em 2009 o fim da crise era uma realidade mais distante. "As ações da empresa hoje não podem ser as mesmas do ano passado, a partir do momento que você tem um cenário diferente, com uma retomada um pouco mais firme das encomendas de aeronaves". Segundo Aguiar, o simples fato de existir uma demanda novamente, mesmo que ela não esteja nos mesmos níveis de 2007 e 2008, já deu um ânimo grande à força de vendas da empresa.
Aguiar diz que, apesar de ainda existir escassez de crédito no mercado para financiamento de aviões, a situação hoje nessa área também está melhor que em 2009. "Temos conseguido controlar bem esse problema e todas as nossas entregas em 2009 foram financiadas. O BNDES, que até o ano passado apoiou 35% das operações de exportação, este ano terá participação ainda maior nos negócios da companhia."
"O apoio do BNDES deve aumentar para 65% e 35% virá do mercado privado. Para 2011 esperamos uma melhora e já estamos sendo procurados por instituições financeiras privadas, com interesse em nossos aviões novamente", explicou. Outro indicador positivo para a empresa este ano, segundo o executivo, é que não houve mais nenhum registro de adiamento de entregas de aeronaves ou cancelamento de encomendas.
Em 2009, a empresa vendeu 22 jatos comerciais, sua média de vendas em um mês em tempos de vacas gordas, mas para 2010 a expectativa é de que esse número seja superado. A confirmação da previsão veio na semana passada com o fechamento do contrato de venda de 17 aeronaves do modelo 190 para a Austral Líneas Aéreas, da Argentina. "Com isso o nosso backlog [pedidos em carteira} voltou aos patamares anteriores, de US$ 16,5 bilhões, o que nos deixou estáveis nesse primeiro trimestre."
A empresa também observa uma mudança significativa das suas vendas por região. A América do Norte, que em 2009 respondia por 43% das suas vendas, caiu para 23% e o Brasil subiu de 4% para 11%. Na Europa também houve um crescimento importante de 18% para 32%.
Em termos de entregas, a aviação executiva cresceu de 3% para 14% do total. A receita com a venda de aeronaves executivas também registrou incremento, passando de 4% em 2008 para 6% em 2009. "Em seis anos construímos um negócio de US$ 1 bilhão. Começamos com um avião em 2004 e chegaremos em 2013 com sete", disse Aguiar.
Os níveis de produção programados para 2010 serão praticamente os mesmos de 2009 e não existe previsão de redução drástica dos pedidos aos fornecedores. A Embraer já conseguiu reduzir em US$ 500 milhões os estoques, que atingiram nível considerado satisfatório, na casa dos US$ 2,2 bilhões.
Aguiar garante ainda que o número atual de funcionários, em torno de 16,8 mil, será mantido e que a empresa não tem um plano de novas demissões em massa. "Embora as nossas expectativas de vendas sejam mais otimistas para 2010, isso não implicará em contratações. Na Embraer o que a gente vende hoje só começa a produzir e a entregar no ano seguinte".
Os investimentos da empresa em novos produtos, segundo Aguiar, ainda não incluem aviões de maior porte, acima de 120 lugares. A Embraer, de acordo com o executivo, está ouvindo seus clientes para saber que tipo de avião eles querem. "Vamos desenvolver algo que venha agregar valor ao que a gente já está fazendo. Não temos a intenção de copiar e nem de imitar ninguém", afirmou.
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