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Acordo para voar

Sob pressão, UE cria zonas de voo para aliviar restrições. Mas nova nuvem assusta os britânicos

LONDRES - O Globo

Sob intensa pressão das companhias aéreas, os ministros de Transportes dos países da União Europeia chegaram a um acordo para diminuir as restrições de voo e aliviar a crise aérea que afeta o continente desde que uma gigantesca nuvem vulcânica comprometeu o seu espaço aéreo na quarta-feira passada.

Hoje, quase a metade dos voos deve ser retomada. Mas a normalização da situação, que já afeta quase 7 milhões de passageiros e gera prejuízos de mais de US$ 1 bilhão, não é garantida, pois uma nova nuvem vulcânica pode alcançar o Reino Unido.

Impossibilitados de voar, os ministros chegaram a um acordo por videoconferência.
 
A proposta da Eurocontrol, a agência de aviação europeia, estabelece três zonas de voo, num modelo mais parecido com o americano: uma zona proibida, estabelecida pelas autoridades e com base na previsão do Centro de Alerta de Cinzas Vulcânicas; uma zona de controle, na qual os aviões podem voar, mas ficam sujeitos a checagem após o pouso; e uma terceira zona, livre das cinzas.

Para garantir a segurança, serão feitos testes e fornecidas previsões meteorológicas a cada seis horas.

— A partir da manhã (de hoje), vamos ver progressivamente mais aviões voando — disse o comissário da UE para Transportes, Siim Kallas.

Alguns países, no entanto, mantinham uma atitude cautelosa, com a Holanda dizendo que seu espaço aéreo pode voltar a ser fechado se as cinzas aumentarem. Segundo um diplomata em Bruxelas, vários caças F16 da Otan voltaram ontem de um voo na Europa com depósitos de cinzas nos motores. O Reino Unido, por sua vez, vivia um clima de expectativa. "A erupção vulcânica na Islândia aumentou e uma nova nuvem de cinzas está vindo em direção ao Reino Unido", informou o Serviço de Tráfego Aéreo britânico.

A nuvem ontem chegou à costa canadense.

Mas acredita-se que os ventos mudem de direção e que ela não avance na América do Norte.

Mesmo antes do acordo, países como Reino Unido, Alemanha e França anunciaram que começariam a reabrir seu espaço aéreo hoje. A França, por exemplo, anunciou corredores aéreos entre Paris e o sul do país. Outros liberaram o espaço aéreo para voos a partir de determinada altitude, como Dinamarca, Suíça e Turquia. A Espanha, onde o espaço aéreo está aberto, ofereceu seus aeroportos como parada para que os passageiros consigam entrar e sair da Europa. A maior parte dos voos da Ásia para o continente, no entanto, continua cancelada.

Aviões começam a partir de Guarulhos

A tensão era grande. No aeroporto de Incheon, na Coreia do Sul, passageiros revoltados bloquearam o balcão da Korean Air, exigindo um voo para qualquer país da Europa.

— Precisamos de um voo — disse o francês Thierry Loison, preso no aeroporto desde sextafeira.

Outros, na Europa, queixavam-se dos preços das passagens de trem, que triplicaram. Graham Wishart, retido em Londres depois que o voo para Toronto foi cancelado, disse que a diária de seu hotel saltou de US$ 104 para US$ 289.

A situação se torna mais difícil à medida que passam os dias. Filas gigantescas são vistas em estações rodoviárias, ferroviárias e de barcas. O canadense Mark Bokenfohr enfrentou uma odisseia para ir da Itália para a Noruega.

Ele passou quatro horas na fila de uma estação ferroviária, trocou cinco vezes de trem para chegar a um porto na Dinamarca, pegou uma barca para a Noruega e alugou um carro para chegar à cidade de Bergen.

— Viajamos no trem como sardinhas em lata — disse à BBC.

Menos de um terço dos voos previstos para ontem decolou. E, para hoje, a previsão é que 40% a 45% deles fossem retomados. Segundo as companhias aéreas, o impacto econômico é pior do que o causado pelo atentado de 11 de setembro de 2001, quando o espaço aéreo americano ficou fechado por três dias. Diante dos prejuízos, a Comissão Europeia estuda uma compensação para as empresas.

O vulcão Eyjafjallajokull lançou menos fumaça ontem, mas cientistas advertem que a erupção ainda não acabou e que outros vulcões da região podem entrar em atividade.

Ontem, os primeiros voos da KLM começaram a partir de Amsterdã. Os aeroportos da Escócia reabririam hoje de manhã e que no fim do dia, Heathrow, em Londres, poderia voltar a operar. A Air France, por sua vez, deve retomar os voos de longa distância para os aeroportos Charles de Gaulle e Orly, em Paris, hoje.

Alguns voos voltaram a partir ontem à tarde de São Paulo para a Europa.

Apesar disso, 13 partidas e oito chegadas deixaram de acontecer no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

Às 18h30m, partiu um voo da Swiss para Zurique, na Suíça.

Às 19h, estava prevista a saída de um avião da Lufthansa para Munique, na Alemanha.

Um avião da KLM com destino a Amsterdã, na Holanda, partiria às 19h15m. A expectativa é que hoje voltem os voos da Air France para Paris. A TAM informou que assim que a situação for normalizada serão colocados voos extras.

No Rio, cinco partidas do Galeão com destino à Europa foram canceladas ontem.

O mesmo aconteceu com os voos que deveriam ter chegado de Paris e Londres.

COLABORARAM: Sergio Ramalho (Rio), Marcelle Ribeiro e Sérgio Roxo (São Paulo)

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