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Medo ronda o aeroporto

Funcionários de lojas em Confins reclamam que patrões não permitem uso de máscaras no atendimento a estrangeiros, porque temem espantar clientes

Luciane Evans – Estado de Minas

Funcionárias de cooperativa de táxi no terminal aéreo tiveram autorização para usar as máscaras de proteção, ao contrário das atendentes de outras empresas.

Abrir todas as janelas do carro, prender a respiração, lavar as mãos sempre que puder e contar com a sorte. Essas são as medidas tomadas por funcionários de empresas instaladas no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, para não serem contaminados pelo influenza A (H1N1), que já matou mais de 430 pessoas no mundo. O grande fluxo de pessoas de países com índices de contaminação elevados, que desembarca diariamente no aeroporto, causa temor a esses trabalhadores, que, por decisão das empresas, não podem usar máscaras, o que pode deixá-los expostos ao vírus.

Ontem, dia em que centenas de torcedores do Estudiantes de La Plata vieram assistir ao jogo final da Copa Libertadores, contra o Cruzeiro, quem temeu mais a presença dos argentinos do que os próprios cruzeirenses foi o taxista Fabrício Gomes. Sem máscara, ele levou ao Mineirão quatro torcedores da Argentina – país em que o número de mortes causadas pela doença já ultrapassou o México, chegando a 137. Mesmo os quatro homens assegurando que não estavam com sintoma da gripe, ele não se sentiu seguro: “Vou deixar as janelas abertas. O ideal seria o uso de máscara, mas, infelizmente, não podemos”, lamentou.

Grávida, uma funcionária de uma das lojas do aeroporto diz que pediu autorização para usar máscara, mas não foi atendida, sob a alegação de que isso assustaria os clientes. “É muito perigoso. Se sou contaminada pela gripe meu bebê correrá risco. O certo seria se todos os funcionários se protegessem. Só nos resta contar com a sorte.”

Uma cooperativa de táxi é a única que permite a seus funcionários usar a proteção no aeroporto.

As atendentes contam que se sentem mais seguras e protegidas. “Se alguém for contaminado, todos os outros serão. Todas as empresas deveriam ter essa consciência”, sugere Tatiana Oliveira Rocha. “Antes de usar máscaras, prendia a respiração ao atender pessoas que chegavam do exterior. Além de constatarmos que não há fiscalização rígida no desembarque, muitos empresários parecem não estar tão preocupados com a saúde de seus funcionários”, acrescenta.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/MG) informou que não pode obrigar ninguém a usar máscaras e que a proteção de trabalhadores é responsabilidade das empresas. A falta de prevenção é um contrassenso diante dos número cada vez mais alto em Minas, que, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, já tem 141 pessoas contaminadas. Sete pacientes estão em isolamento hospitalar, sendo quatro no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e três no Hospital Eduardo de Menezes. O caso mais grave ainda é o do homem de 27 anos internado desde o dia 29 com diagnóstico confirmado para influenza A. Ele está no HC e respira com a ajuda de aparelhos, assim como um bebê, de 6 meses, isolado na ala de pediatria, mas em situação estável.

LIMINAR

A Defensoria Pública da União obteve, ontem à noite, na Justiça do Trabalho, liminar que obriga bares e restaurantes permitir que seus funcionários usem equipamentos de proteção contra a gripe suína. Na ação civil pública, a defensora pública federal Giêdra Cristina Pinto Moreira argumentou que a presença em BH de um grande número de argentinos exigia a adoção da medida.

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