Passageiros da TAM enfrentaram ontem fila grande no saguão do aeroporto e desinformação.
Empresa não explicou as causas do problema. Das partidas com origem em Brasília, 25,8% saíram com atraso, índice maior que no Rio de Janeiro e em São Paulo
Elisa Tecles – Correio Braziliense
As férias começaram com dor de cabeça para dezenas de passageiros da TAM em Brasília.
Quem embarcou em voos da companhia desde as 9h de ontem enfrentou filas de mais de uma hora no saguão do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Antes do meio-dia, a fila principal tinha início no balcão da companhia e seguia até a pista de carros. Por volta das 11h30, funcionários da TAM ainda realizavam o check in de voos marcados para partir às 11h.
Entre a meia noite de sábado e as 17h de ontem, 25,8% dos voos com origem em Brasília estavam atrasados — 23 das 89 partidas previstas. O índice é alto se comparado ao movimento de outros aeroportos no mesmo período do dia. Congonhas, em São Paulo, teve 4,5% de atraso, e o Galeão, no Rio de Janeiro, 8,3%.
A psicóloga Aline Ribeiro, 30 anos, entrou em três filas antes de conseguir embarcar para Fortaleza. Ela chegou ao aeroporto às 10h10 e tinha a intenção de pousar na capital cearense a tempo do almoço com a família. Às 11h, quando ela deveria estar dentro do avião, não havia nem feito o check in. “Está uma desordem. Além de passar um tempão esperando, ainda te chamam para outra fila. Isso não é tão raro aqui, na semana passada estava do mesmo jeito”, frisou a psicóloga.
À espera do mesmo voo que Aline, a servidora pública Vera Lúcia Pedrosa, 46 anos, comparou a fila enfrentada na manhã de domingo ao caos aéreo, que lotou os aeroportos em 2007. “Só passei por isso em São Paulo, no apagão. Está muito parecido, eles não dão nenhuma explicação”, afirmou. Vera estava em Brasília a passeio e aproveitaria a tarde livre em Fortaleza para descansar. “Eu ia chegar às 13h30, agora devo estar lá umas 16h”, disse. O painel de chegadas e partidas informava que três vôos para Rio Branco (AC), Fortaleza (CE) e Curitiba (PR) saíram com atraso de meia hora pela manhã.
Aviões com destino a São Luís (MA) e Maceió (AL) e saída prevista para 10h15 deixaram o aeroporto às 11h30.
Passageiros também relataram remarcações em voos para Manaus (AM) e Natal (RN). A psicóloga Jacqueline Balduíno, 48, comprou há 20 dias uma passagem para Manaus pela TAM. O vôo sairia às 10h40 de ontem. Ela chegou no aeroporto às 9h. O marido de Jacqueline, Eduardo Balduíno, 56, pegou um lugar na fila, que começava a fazer a curva perto da rua de desembarque de passageiros.
Um funcionário da empresa percorreu a fila anunciando o voo e o casal entrou em uma nova fila.
Chegando no balcão, receberam a notícia de que Jacqueline só sairia de Brasília no voo das 11h50.
Funcionários da TAM procurados pelo Correio informaram que não houve nenhum caso de overbooking registrado na manhã de ontem. Ninguém da empresa, no entanto, falou sobre as causas do problema.
No balcão da Infraero, não havia informações sobre o número de partidas da TAM atrasadas ou a quantidade de passageiros remarcados.
O gerente Deurival Santos, 56 anos, comprou um bilhete da empresa para as 13h15 de ontem, rumo a Natal. Na sexta-feira, ele ligou para confirmar o horário e soube que estava incluído em um vôo diferente, previsto para as 12h10. Ao chegar ao aeroporto, outra surpresa: o avião não sairia do solo antes das 12h30. “Está cheio por causa das férias, acho que vai atrasar mais”, comentou Deurival.
O que fazer
O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer) prevê direitos e deveres da companhia e do passageiro em caso de atraso, overbooking e cancelamento de voos. Queixas podem ser registradas no site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): www.anac.gov.br.
Atraso
Se o voo atrasar mais de quatro horas, a partir do horário estabelecido na passagem, o passageiro tem direito a reacomodação em um avião da mesma empresa ou em outra companhia. O prazo de quatro horas é o limite para a empresa providenciar a acomodação da pessoa.
Cancelamento ou overbooking
Nesses casos, o passageiro pode exigir uma vaga em outro voo no prazo de quatro horas contadas a partir do horário marcado na passagem aérea. A regra não afasta a possibilidade de o passageiro solicitar na Justiça ou em órgãos de defesa do consumidor uma reparação por eventuais danos morais e materiais. A reclamação por overbooking só é aceita se o passageiro comparecer ao check-in no horário estabelecido pela companhia ou, no mínimo, com 30 minutos de antecedência (vôos nacionais) ou uma hora (voos internacionais).
Reembolso
O passageiro pode pedir o reembolso em caso de atraso, cancelamento de voo e overbooking, desde que ele não tenha sido acomodado em outro voo no período de quatro horas contadas a partir do horário marcado no bilhete. Se o pagamento foi à vista, a restituição é imediata, por dinheiro ou transferência bancária.
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