Presidente estuda comprar aviões da companhia
Chico de Gois
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem representantes de funcionários da Embraer para ouvir suas queixas sobre a demissão de 4.200 trabalhadores, no mês passado.
Segundo os sindicalistas, o presidente afirmou que está estudando uma série de medidas para revitalizar a aviação regional e melhorar a demanda por aeronaves, cuja queda foi a razão alegada pela Embraer para as demissões. Lula também disse que pode substituir cinco aeronaves Hércules, utilizadas pela Força Aérea Brasileira para transporte de tropas e de materiais, por um modelo projetado pela Embraer, o C-390. O novo avião, anunciado pela empresa em 2007, ainda é um projeto, e o governo não decidiu pela compra. Ele teria capacidade para transportar 19 toneladas e poderia ser utilizado para abastecer outras aeronaves em voo.
Após mais de uma hora de reunião, Lula prometeu aos sindicalistas que telefonaria para o principal executivo da companhia, Frederico Curado, para lhe pedir que abra uma negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) e região. As dispensas de trabalhadores, neste momento, estão suspensas por causa de uma liminar. Hoje está marcada uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas.
Segundo os sindicalistas, Lula teria dito que "a coisa mais civilizada que pode acontecer no século XXI é a empresa negociar com o sindicato". Eles chegaram ao Palácio do Planalto falando grosso, afirmando que o presidente não podia ficar só no discurso, mas saíram satisfeitos do encontro. Na audiência, que não constava da agenda de Lula, eles afirmaram que, ao contrário do que relataram os dirigentes da empresa na semana passada, a situação da companhia seria satisfatória, e não de penúria.
Segundo os sindicalistas, a Embraer teria R$3,6 bilhões em caixa, e as encomendas para este ano subiram de 204 aeronaves para 242.