Uma decisão que pode acelerar a crise na indústria aeronáutica mundial foi dada pelo governo chinês às companhias daquele país nesta semana: cancelar as encomendas ou adiar o recebimento de aeronaves previstas para 2009.

Se as companhias seguirem a determinação do governo chinês as empresas Airbus, Boeing e Embraer podem ter significativa redução de entregas em 2009. Após o 11 de Setembro as companhias aéreas chinesas encomendaram centenas de aviões superando em muito os cancelamentos de outros países.

Sem esse mercado as empresas Airbus, Boeing e Embraer podem ser obrigadas a reduzir o ritmo de produção já pressionado pelos cancelamentos e adiamento de encomendas.

A decisão do governo chinês segue-se a uma brusca queda no tráfico de passageiros após os Jogos Olímpicos realizados em Beijing. A Civil Aviation Administration of China determinou que as companhias aéreas tomassem urgentes ações, tais como: não renovar as operações de leasing que estão encerrando, tirar de serviço ou vender aviões mais antigos e convertê-los em cargueiros. O governo também proibiu a formação de novas companhias e afirmou que reduzirá as taxas que as companhias têm de pagar.

Ao redor do mundo os elevados preços do combustível e após a queda no fluxo de passageiros afetara pesadamente as companhias aéreas. Até empresas com boa capacidade financeira como as Air France-KLM SA e a Qantas Airways Ltd. da Austrália, não estão exercendo as opções de compra e cancelando os acordos de leasing. Empresas com capacidade financeira mais abalada como várias na Índia, estão renegociando com a Airbus e a Boeing para re-escalonar ou encerrar as entregas já planejadas.

Centenas de aviões foram retirados de serviço, inicialmente por serem modelos mais antigos e consumirem mais combustível, e após pela queda da demanda de passageiros.

Para a IATA nós próximos 18 meses, as companhias aéreas procurarão reduzir a capacidade de assentos oferecida. Houve uma enorme contração da demanda após as encomendas terem sido realizadas.

Em matéria para o Wall Street Journal tanto Boeing como Airbus declinaram comentar o assunto. O presidente da EMBRAER, Frederico Fleuri Curado, em declaração à imprensa negou demissões, mas saiu com um lacônico "o futuro a Deus pertence". Pode ser difícil ou impossível para as empresas chinesas cancelar a maioria das entregas previstas para o próximo ano. Em especial para os primeiros três a quatro meses do ano, cujos aviões já estão em processo de montagem nas linhas de produção.

As entregas para a China pela Boeing, foram 19 de um total de 338 entregas até o fim de Novembro.

A China Southern Airlines a maior empresa aérea da China pelo tamanho da frota recebeu uma ajuda de U$ 439 milhões no mês de Novembro. Outras empresas também pleitearam o mesmo benefício. Também o governo informou que reduzirá as taxas incidentes às operações das companhias. Nos anos mais recentes a Airbus trabalhou duro para quebrar o verdadeiro monopólio que a americana Boeing tinha no mercado chinês. Até uma fábrica para montagem do modelo A320, em Tianjin foi implementada e inaugurada. Em retorno o fabricante europeu obteve grandes encomendas da China e espera obter mais contratos. A planta de Tianjin iniciou as atividade em Setembro e está iniciando de forma lenta a produção dos aviões da família A320.

Até o momento as companhias chinesas representaram 69 dos 437 aviões Airbus entregues até 30 Novembro de acordo com o site da empresa.

Do total as empresas chinesas representam cerca de 11% do 3.705 aviões que estão na carteira de encomendas até o final de Novembro.

De acordo com a Boeing, as comnpanhias chinesas têm encomendas de 210 aviões sendo a maioria de um corredo (single-aisle) B737. As companhias chinesas encomendaram 42 aviões dos cerca de 900 do futuro Boeing 787 Dreamliner.

A Embraer tem cerca de como o maior cliente a Hainan que encomendou 50 ERJ145, dos quais 10 já foram entregues até Setembro e mais 50 E-Jet 170-190 dos quais só seis foram entregues. A empresa Ku Peng tem 5 encomendas das quais 1 já foi entregue.

Estas encomendas foram assinadas em 2006 e serviriam para viabilizar a fábrica da Embraer na China,que produz o modelo ERJ145.

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