Pular para o conteúdo principal

Jobim quer parar avião com rede em Congonhas

Infraero sugere concreto poroso; ministro alerta que isso exigiria uma pista maior



Tânia Monteiro
, BRASÍLIA;
Bruno Tavares, SÃO PAULO

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao comentar o acidente de anteontem com um bimotor no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, informou que pediu às autoridades aeronáuticas que sejam estudadas proteções a serem instaladas na pista para evitar problemas com aviões que eventualmente ultrapassem a cabeceira. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já tem análises destinadas à melhoria da segurança.

Jobim observou que a pista não deveria ser protegida por um muro, mas por outro mecanismo. E citou a possibilidade de instalação de uma rede. A mesma idéia foi defendida pelo presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi, no dia em que o governo definiu a privatização de aeroportos do Rio e de Campinas.

Gaudenzi sugeriu ainda a colocação de um concreto poroso no chão da pista para interromper o percurso do avião, mas Jobim observou que isso exigiria uma ampliação do comprimento da pista numa área de grande densidade de edificações. O ministro da Defesa destacou que o acidente com o turboélice não teve relação com a pista.

Controladores de tráfego aéreo de Congonhas relataram ontem que o PT-PAC varou a pista em baixa velocidade e abortou a decolagem perto de alcançar velocidade de rotação (180 km/h), no momento em que a aeronave começa a tirar as rodas do chão. Eles notaram uma rotação anormal na hélice do motor esquerdo e ouviram alguém dizer “decolagem abortada”. Só não se sabe se o alerta veio do King Air ou de outro avião que estava na cabeceira. A aeronave, com dois tripulantes e um passageiro, seguia para São José dos Campos.

As investigações iniciais da aeronáutica apontam para duas hipóteses: falha nos controles do bimotor ou uma demora pouco acima do recomendável para abortar a decolagem, por parte dos pilotos.

A saída de pista ainda intriga os investigadores, uma vez que uma aeronave daquele porte precisaria de metade do espaço da pista de Congonhas para decolar.

O King Air foi içado por um guindaste às 3h50 de ontem, após ficar mais de 13 horas pendurado em um barranco. O guindaste de 60 toneladas chegou ao aeroporto por volta das 2 horas. O turboélice, de prefixo PT-PAC, de 5 toneladas, foi levado para um hangar.

Estavam no bimotor o piloto Hadi Sani Yones, de 41 anos, o co-piloto Maurício Nunes Dias, de 33, e o passageiro Ronaldo Mendes da Silva, de 38. Yones e Silva passaram por exames e receberam alta. Já Dias, que teve um corte na cabeça, foi transferido anteontem para o Hospital Vera Cruz, em Campinas, no interior do Estado. Segundo a equipe médica, ele passa bem, mas não há previsão de alta.

COLABORARAM ANDRESSA ZANANDREA e TATIANA FÁVARO

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul