Bloomberg News e Ana Paula Machado

As empresa aéreas dos Estados Unidos, cambaleantes em conseqüência dos preços recorde dos combustíveis, incitaram o Congresso a controlar as negociações especulativas porque o setor "não pode continuar a sobreviver com o petróleo a US$ 140."

No Brasil, as companhias também já pediram interferência do governo para se manterem lucrativas. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) se reuniu na última semana com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para tratar da situação.

As medidas nos EUA, para limitar o chamado índice de especulação, são necessárias antes do recesso do Congresso no próximo mês, disse o principal executivo do grupo comercial Air Transport Association, James May, na sexta-feira, aos jornalistas em Washington. O petróleo fechou sexta-feira em Nova York a US$ 145 o barril.

"Não existe crise maior", disse May, que acrescentou que a maioria dos planos de negócios das empresa aéreas são elaborados tendo como base o petróleo a US$ 85 ou US$ 90 o barril. Os preços no nível atual terão "sérias conseqüências" caso persistam até o final de 2008, disse May.

O senador Joseph Lieberman, independente do estado de Connecticut, propôs um projeto de lei, na sexta-feira , designado para conter os preços. Essa medida irá limitar o volume de petróleo e contratos futuros de commodities que poderão ser mantidos pelos investidores institucionais como os fundos de pensão. Esses investidores negociam commodities como ferramentas financeiras.

Um basta à ‘especulação’

As empresas aéreas começaram a enviar correspondência no site na internet, Stop Oil Speculation Now!, para seus passageiros habituais na última semana. As cartas foram assinadas por 12 principais executivos de empresas aéreas, incluindo a American Airlines.

"O combustível ultracaro significa milhares de empregos perdidos e severas reduções no serviço aéreo", escreveram os CEO. "Precisamos de sua ajuda."

As maiores empresas aéreas reduzem a capacidade de assentos em mais de 10% cada, deixando no solo 430 aviões, e demitindo cerca de 20 mil pessoas, em meio à subida de 97% do combustível para jatos, no último ano. O preço "normal" do petróleo deveria ser entre US$ 65 e US$ 70 o barril, disse May.

Companhias brasileiras

A promessa é de que o ministro Jobim se reunirá com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para apresentar um estudo com sugestões para redução da carga tributária que incide sobre o combustível no Brasil.

Conforme cálculos do Snea, os custos com querosene de aviação já representam entre 40% a 50% das despesas totais da companhias brasileiras.

No ano passado, com o barril a US$ 70, esse insumo representava entre 30% e 40% dos custos operacionais das empresas brasileiras.

Segundo o Snea, de janeiro a junho deste ano o combustível no Brasil subiu 35,5%. Em todo o ano passado o querosene de aviação teve um aumento de 12,6%.

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