Roberta CampassiA BRA entrou com pedido de recuperação judicial na noite de segunda-feira, depois de ter suspendido todos os seus vĂŽos no dia sete deste mĂȘs. Segundo Danilo Amaral, vice-presidente de relaçÔes institucionais da empresa, o movimento nĂŁo marca o fim da negociação entre a companhia aĂ©rea, seus credores e fundos de investimentos em busca de uma solução para a crise financeira.
"Foi uma medida para proteger a empresa de um pedido de falĂȘncia", afirmou Amaral. "Os fundos entenderam que a BRA estava muito vulnerĂĄvel e preferiram ficar protegidos." Ao todo, sete grupos detĂȘm participação na companhia: Goldman Sachs, GĂĄvea Investment, Development Capital, Bank of America, Darby Investments, HBK e Millenium Global. Os principais acionistas sĂŁo os irmĂŁos Walter e Humberto Folegatti, com mais de 50% do capital.
A companhia vinha negociando, com os sĂłcios, um novo aporte de pelo menos US$ 30 milhĂ”es. Com os credores, segundo Amaral, estĂĄ negociando a conversĂŁo de dĂvidas em participação acionĂĄria.
Os dĂ©bitos da BRA sĂŁo estimado em US$ 100 milhĂ”es, segundo fontes prĂłximas Ă empresa. O pedido foi protocolado na 1ÂȘ Vara de FalĂȘncias e Recuperação de SĂŁo Paulo, cujo juiz Ă© Alexandre Alves Lazzarini. Se ele aceitar o requerimento, a BRA ficarĂĄ protegida de açÔes judiciais por parte dos credores. Lazzarini conduz atualmente a recuperação da Vasp e esteve Ă frente do processo da Parmalat.
A BRA é a terceira companhias aérea a entrar com pedido de recuperação judicial - antes vieram Varig e Vasp. A empresa contratou o escritório Felsberg e Associados para cuidar do caso.
A companhia aĂ©rea poderĂĄ ter suspensas todas as autorizaçÔes para operar rotas domĂ©sticas, por parte da AgĂȘncia Nacional de Aviação Civil (ANAC), a partir do inĂcio de dezembro. Conforme a legislação do setor, quando uma companhia deixa de operar rotas por 30 dias, a ANAC pode cancelar as concessĂ”es. No caso de rotas internacionais, o prazo Ă© de 180 dias. Nenhum assessor da agĂȘncia foi encontrado para comentar o assunto.
A BRA abandonou suas operaçÔes por falta de caixa e endividamento. A empresa colocou 1,1 mil funcionårios em aviso prévio e deixou de atender 70 mil passageiros.
A empresa vinha apresentando diversos problemas operacionais, inclusive devido à falta de manutenção de aeronaves, mas a suspensão dos vÎos pegou o mercado de surpresa. Isto porque a BRA recebeu um aporte de R$ 180 milhÔes dos fundos de investimentos, em dezembro de 2006.
Dias apĂłs o abandono dos vĂŽos, a BRA firmou um acordo, intermediado pela ANAC, por meio do qual OceanAir passou a fazer vĂŽos fretados para atender quem tinha pacotes comprados junto Ă operadora PNX, que pertence aos irmĂŁos Folegatti e era atendida pela BRA.
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