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Embraer atinge "velocidade de cruzeiro"


Patrícia Nakamura

Um imenso hangar, que na semana passada serviu de palco para entrega da 300ª aeronave da família Embraer 170-190, abriga pelo menos meia dúzia de aeronaves prontas ou que esperam os últimos retoques para sair da fábrica. Entre elas, encomendas da alemã Velvet, da inglesa FlyBe, da colombiana Aero República, da Air Canada e da U.S. Airway Express.

Estas são apenas algumas das 58 aeronaves que a Embraer precisa entregar no último trimestre para cumprir a meta mínima estimada para este ano, de 165 unidades. A corrida contra o relógio é grande. Numa conta simples, a empresa precisa despachar uma aeronave - seja do segmento de aviação comercial, executiva ou militar - a cada 38 horas, num período de setembro a dezembro. A empresa não divulga quantas unidades já entregou no período. Nos primeiros nove meses do ano, foram entregues 108 aeronaves, sendo 47 só no terceiro trimestre.

Apesar de grande, o desafio está sendo encarado com otimismo pelo vice-presidente executivo de aviação comercial da Embraer, Mauro Kern. "A produção está ajustada e temos condições de alcançar a meta", afirmou. Tamanho grau de confiança vem dos esforços feitos pela companhia para reduzir os desastrosos gargalos de produção que atingiram em cheio os resultados da companhia em meados do ano passado.

O sucesso dos E-Jets - muitas opções se tornaram encomendas firmes no ano passado - sobrecarregou a linha de produção e deu um nó na cadeia de fornecimento, principalmente a de asas.

Para tirar o atraso, a fábrica de São José dos Campos trabalha hoje em quatro turnos, diurnos e noturnos, de segunda a domingo. Além disso, a implementação, a partir do segundo trimestre, do "leanmanufacturing" (que prega processos enxutos de produção) ajudará a empresa a alcançar uma cadência de produção de 14 jatos comerciais por mês - 168 por ano - até o fim do ano (hoje são 13).

De acordo com Kern, essa capacidade de produção é suficiente para dar conta, pelo menos nos próximos cinco anos, do volume de pedidos da família 170-190. Até o fim de setembro, os pedidos firmes dessa categoria somavam 420 unidades. As linhas estarão praticamente 100% ocupadas até meados de 2011.

Até lá, a companhia não fará grandes ampliações no chamado "chão de fábrica". Mas será daqui a cinco a dez anos, segundo Kern, que a aviação regional asiática deverá mostrar um crescimento sem precedentes, representando um potencial imenso de negócios para a família 170-190, composta por jatos de 70 a 122 assentos. "É um projeto jovem, mas plenamente consolidado", disse. Além das encomendas firmes, a Embraer acumula quase 800 opções de compra. Desde que foi lançado, em 2004, foram entregues 292 E-Jets para 37 clientes, em 25 países.

Por enquanto, o mercado mais forte é o da América do Norte, responsável por cerca de um terço das vendas dos jatos comerciais. Um dos desafios da Embraer é lidar agora com a "diversidade" dos novos mercados e adequar as estruturas de suporte ao cliente e serviços de manutenção. Pelas estimativas da empresa, até 2026 a frota mundial de aviões de 61 a 120 lugares será de 7,3 mil unidades, ante as 2,4 mil computadas ate o fim do ano passado. O aumento da frota e a substituição das aeronaves antigas poderá movimentar cerca de US$ 190 bilhões nesse segmento.

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