Roberto Godoy

A Aeronáutica confirmou o problema de falta de capacidade espacial do Brasil. “Nossos satélites estão todos ocupados”, disse o tenente-coronel Luiz Ricardo Nascimento, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica.

No entanto, embora seja importante, a discussão da ocupação da órbita 68 está limitada às aplicações de telecomunicações. O recurso é necessário ao sistema de comunicações de toda a Região Norte, inclusive Amazônia. Contudo, mais ampla e de fato estratégica é a definição, já dois anos atrasada, do Programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro, o SGB. A análise é do coronel engenheiro Eduardo Siqueira, um dos consultores do projeto, “que prevê o lançamento, a partir de 2009 ou 2010, de três satélites ao custo de US$ 1 bilhão, mais US$ 500 milhões para o estabelecimento da rede terrestre”.

Em 2005 o governo realizou uma tomada internacional de informações sobre fornecedores interessados. “Depois disso não se tomou mais nenhuma providência”, disse Siqueira. O SGB serviria às necessidades de tráfego aéreo, telefonia, meteorologia, comunicações de segurança nacional e de defesa. Os dois primeiros satélites terão bandas de freqüência C, L e X, para sinais de telefone fixo, imagem e redes de aparelhos celulares. O terceiro vai operar em níveis altos, entre 12 GHz e 14 GHz, podendo competir com os serviços orbitais privados, como os fornecedores de mapas meteorológicos digitais.

As especificações do SGB foram definidas por uma empresa privada de grande prestígio na área espacial, a Atech Tecnologias Críticas, e por três agências oficiais: Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e Fundação Casimiro Montenegro.

A disputa entre o Brasil e os países andinos é sustentada por argumentos técnicos. Uma carta de junho assinada pelos presidentes de Peru, Colômbia e Equador destaca a importância, “para os interesses da comunidade andina, de se preservar a posição orbital 67 graus a oeste”. A localização 68, reivindicada pelo Brasil, “é próxima a ponto de, havendo um satélite nessa faixa, neutralizar o outro”, explica o engenheiro.

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