Pular para o conteúdo principal

Fila no céu

Empresa aérea dos EUA adota modelo próprio de aproximação para o pouso que espaça os aviões por minutos, e não mais pela distância entre eles

Zero Hora

O aeroporto de Louisville, no Kentucky (EUA), tem pistas paralelas que poderiam, em tese, receber 60 aviões por hora, um a cada dois minutos em cada uma delas. Mas, em vez de descerem a cada 120 segundos, os aviões pousam ali em intervalos de 150 a 180 segundos.

- Há muito tempo disponível entre os pousos - diz Karen Lee, diretora de operações da UPS Airlines.

A UPS é uma empresa de transporte de cargas cada vez mais ansiosa em se assegurar que as encomendas dos clientes cheguem a tempo. Seus aviões sempre precisam pousar apressadamente.

A solução foi desenvolver um método de aproximação da pista que consiste em alinhar as aeronaves no ar, a distâncias de 160 a 240 quilômetros do aeroporto, afastados entre si não por quilômetros ou milhas, mas por segundos. Trata-se de uma mudança radical. O tráfego de aviões quase sempre foi controlado com base na distância entre as aeronaves, não no tempo.

- Vamos criar o futuro - diz Karen Lee.

Na cabine de um Boeing 757, Christian Jost, diretor de tecnologia da UPS, mostra uma tela plana do tamanho de um laptop, onde o piloto vê todos os aviões na área. O sistema, e não mais os controladores de vôo, informa a velocidade exata em que o 757 precisa voar para manter o intervalo de 120 segundos entre o avião da frente e o detrás. Corretamente espaçados, os aviões se aproximam da pista em linha reta, descendo num ângulo constante, que, segundo a UPS, economiza de 200 a 400 litros de combustível a cada vôo.

Não é ainda o "faça você mesmo" do controle do tráfego aéreo dos EUA, porque tudo depende de análise e aprovação da Federal Aviation Administration (FAA), a agência governamental que regula o setor. Mas a própria FAA está ávida por um novo sistema, embora tenha pouco dinheiro para implantá-lo.

Por isso, está encorajando as companhias a inovar.

É o que tem feito outras duas empresas que criaram seus próprios modelos de decolagem e pouso. Substituindo radares e antenas de rádio - um sistema já com 50 anos de idade - por satélites de navegação como o GPS e outras ferramentas, elas podem estar antecipando o que a aviação talvez venha a ser um dia.

No aeroporto Hartsfield-Jackson, em Atlanta, os aviões da Delta Air Lines levantam vôo em média 10 minutos após deixarem o portão de embarque - três minutos mais rápido do que antes. Usando uma nova tecnologia, as aeronaves tomam rotas de altitude mais baixa. Assim, os jatos que vêm atrás podem seguir rotas diferentes e não precisam esperar tanto para decolar.

- Os pilotos dizem: "Uau, isso é bem organizado" - conta Joseph Kolshak, vice-presidente de operações da Delta.

Ninguém sabe se essas medidas irão eliminar os atrasos e aumentar a capacidade do sistema.

Mas há algumas pistas. Uma está em Juneau, no Alasca. Durante anos, os aviões só podiam se aproximar com segurança da pista do aeroporto local, escondido entre montanhas, se as nuvens estivessem a pelo menos 300 metros de altura e a visibilidade fosse de, no mínimo, três quilômetros. Na decolagem, se houvesse nuvens, só havia um jeito de sair de lá: fazendo um rápido e acentuado U para Oeste, um procedimento desconfortável para os passageiros. Hoje, graças a um novo modelo desenvolvido pela companhia, que combina GPS, navegação tradicional e instrumentos a bordo que indicam a posição medindo cada curva que o avião faz, as aeronaves pousam em Juneau com nuvens a apenas cem metros de altitude, e com uma visibilidade inferior a 1,5 quilômetro. E decolam em qualquer direção.

Nos aproximadamente 3,6 mil vôos que a empresa operou em Juneau em 2006, 754 não poderiam ter sido tentados em anos anteriores.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul